Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

DIETAS VEGETARIANAS EM ESTUDANTTES DE MEDICINA: PREVALÊNCIA, TIPOS DE DIETAS, CUIDADOS E RISCOS OBSERVADOS, HÁBITOS E ESTILO DE VIDA

  • JBC Sugai,
  • GC Santos,
  • CM Campanaro

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S571 – S572

Abstract

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Introdução: O vegetarianismo é uma prática extremamente antiga, entretanto, atualmente vem ganhando cada vez mais adeptos, formando 30 milhões de vegetarianos no Brasil. Essa dieta já foi muito associada a deficiências nutricionais, que levam ao desenvolvimento de anemias, por exemplo. Porém, por outro lado, com a popularização do vegetarianismo, também surgiram muitas pesquisas em relação a essa prática, mostrando que pode estar ligada a hábitos saudáveis no geral, visto que os vegetarianos ingerem menos colesterol e gordura e mais frutas e verduras. Cabe lembrar que muitos iniciam sua opção nutricional na adolescência. Objetivos: Identificar os hábitos de vida, cuidados com a dieta e possíveis anemias em estudantes de um curso de medicina que optam pelo vegetarianismo. Métodos: Realizado um estudo transversal com abordagem quantitativa com alunos do primeiro ao sexto ano que frequentam a faculdade de medicina. O convite foi enviado nos grupos de Whatsapp da faculdade, quando foi informado ao possível participante o link para o questionário que seria utilizado para coletar os dados, preparado na plataforma Google Forms. Foram feitas análises das frequências das variáveis e análise bivariada. Relacionadas às anemias carenciais, tabagismo, prática de esporte, ingestão de álcool, drogas, tipo de vegetarianismo e acompanhamento médico. Resultados: Foram convidados 700 estudantes de medicina, sendo que houve resposta de 41 estudantes: idades entre 19 e 44 anos, 93% sexo feminino. Desta amostra, 76% eram ovolacteovegetarianos e 10% de veganos; 44% iniciaram a dieta entre 2 e 5 anos passados, muitos ainda na adolescência. Todos os participantes haviam realizado hemograma após a adesão da dieta. Dentre eles, obtivemos que 12% dos vegetarianos iniciaram a prática por conta própria, entretanto agora 50% fazem acompanhamento médico, mostrando que a preocupação crescente com a saúde. Em relação a suplementação, 63% dos estudantes suplementavam vitamina B12, 46% ferro e 17% ácido fólico; todas essas porcentagens são superiores aos que foram identificados com a deficiência, comprovando cuidados preventivos constantes. Especificamente sobre a anemia, 27% dos vegetarianos foram diagnosticados, relatando sinais e sintomas muito tênues, sem significância clínica. Sobre o estilo de vida, 80% dos participantes exercem atividade física regularmente, 78% têm contato com a natureza, 46% ingerem bebida alcoólica regularmente, 15% fumam e 22% fazem uso de algum tipo de droga. Discussão: Diante da amplitude do questionário respondido pelos participantes e das várias informações a partir dele conseguidas, o estudo demonstrou que os adeptos do vegetarianismo quando comparados com a população em geral, não apresentam maior taxa de anemias e outras carências nutricionais. Ademais, os vegetarianos demonstraram alto cuidado com a dieta e associação com um estilo de vida mais saudável. Importante observar que muitos iniciam a prática ainda na adolescência, quando requerem maiores cuidados. Conclusões: Os estudantes de medicina que optaram pelo vegetarianismo demonstraram que essa prática, quando acompanhada de cuidados, não deve ser mais associada a deficiências nutricionais, visto que, com acompanhamento médico, conseguem aderir a essa dieta com saúde. A maioria é adepta a hábitos saudáveis que incluem além da alimentação, a prática de exercícios físicos e contato com a natureza. A prevalência de estudantes vegetarianos foi de 5,8%.