Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

INVESTIGAÇÃO DA REFRATARIEDADE PLAQUETÁRIA IMUNE EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE DE CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOIÉTICAS

  • KNC Ziza,
  • MCAV Conrado,
  • VB Oliveira,
  • MR Dezan,
  • V Rocha,
  • A Mendrone-Junior,
  • CL Dinardo

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S323

Abstract

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Introdução: A trombocitopenia persistente é frequentemente encontrada em pacientes submetidos ao transplante de células progenitoras hematopoiéticas (TCPH). A transfusão de plaquetas é considerada parte essencial no tratamento e pode ser de caráter profilático ou terapêutico. A refratariedade plaquetária (RP) e um dos problemas mais desafiadores no contexto do transplante, porque apresenta uma ampla variedade de causas não imunes e imunes. Em relação às causas imunes, a fisiopatogenia corresponde à aloimunização plaquetária por anticorpos contra Antígenos Leucocitários Humanos (HLA) de Classe I e, em menor frequência, contra Antígenos Plaquetários Humanos (HPA). A RP imune pode ser diagnosticada por testes laboratoriais e os pacientes devem receber transfusões de plaquetas compatíveis para melhora do incremento plaquetário. Objetivo: 1) Identificar anticorpos anti-plaquetários em pacientes submetidos ao TCPH que apresentam RP utilizando o Teste de imunofluorescência plaquetária (PIFT). Metodologia: No período de ago/2016 a jun/2021, as agências transfusionais da Fundação Pró-Sangue (FPS) e o serviço de Hematologia e Terapia Celular do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) identificaram os pacientes submetidos a TCPH com suspeita de RP imune e encaminharam as amostras para o laboratório de Imunohematologia Avançada da FPS para a investigação dos anticorpos anti-plaquetários. O PIFT é um teste de triagem para anticorpos anti-plaquetários e utilizado para compatibilização (“Crossmatch”) entre soro do paciente e plaqueta a ser transfundida. Este teste identifica anticorpos direcionados contra os HLA de Classe I e/ou HPA presentes na superfície das plaquetas através da citometria de fluxo. É um teste altamente sensível, porém não especifico, e o resultado é determinado pela R = Razão da Mediana de fluorescência (MF) da amostra/ MF do Controle Negativo. Os resultados são classificados como Positivo R >1,45, Negativo R <1,22 ou Inconclusivo R ≥1,22 e ≤1,45. Resultados: Foram testados 11 pacientes com suspeita de RP imune. Deste total 6/11 (54,5%) do sexo feminino e 5/11 (45,5%) sexo masculino. A idade variou entre 9 meses e 58 anos (média: 22 anos). Os pacientes inclusos tinham sido submetidos a transplantes alogênicos 8/11 (72,70%) e autólogos 3/11 (27,30%). Em relação ao histórico transfusional foram transfundidos concentrado de plaquetas (CP) 726/1070 (67,86%), concentrado de hemácias (CH) 314/1070, plasma fresco congelado (PFC) 13/1070 (1,21%), crioprecipitado 6/1070 (0,57%) e granulócitos 11/1070 (1,02%). Foram realizados 69 testes de crossmatch plaquetário, sendo que, em cada bateria de testes, uma média de 5 plaquetas eram avaliadas por paciente. O resultado foi positivo em 35 testes (50,73%), negativo em 27 testes (39,12%) e inconclusivo em 7 testes (10,15%). Todos os pacientes apresentaram resultado positivo para ao menos uma das unidades de plaquetas testadas. Conclusão: O teste do PIFT deve ser entendido como teste de triagem para pesquisa de anticorpos anti-plaquetários e de compatibilização plaquetária no caso de transfusão de pacientes com RP imune. O presente estudo demosntrou que pacientes submetidos ao TCPH apresentam alta prevalência de anticorpos anti-plaquetários mediando RP de causa imune. A realização do teste de PIFT nas plaquetas a serem transfundidas proporciona melhor rendimento pós-transfusional e representa estratégia muito importante no contexto do TCPH.