Medicina (Nov 2019)
Cistite glandular associada à metaplasia intestinal com extravasamento de mucina
Abstract
A mucosa vesical, na presença de agentes agressores, sofre alterações inicialmente benignas, mas com a cronicidade pode sofrer modificações potencialmente metaplásicas. A cistite glandular apresenta um quadro sintomático inespecífico, sendo necessária a realização de biópsia para seu diagnóstico e diferenciação histológica, podendo dividir-se em subtipos clássico e intestinal. Após análise de prontuário médico pertencente ao Hospital Santa Rita de Maringá, objetiva-se relatar o caso de um paciente masculino, de 32 anos, com disúria e dor em hipogástrico, apresentando em ultrassonografia lesão cística de 3,8 cm de diâmetro na bexiga. Após a retirada da lesão por ressecção transuretral, a análise histopatológica revelou presença de ninhos de Von Brunn, áreas de epitélio mucossecretor e mucina extracelular na mucosa vesical, propondo a existência de lesão glandular com metaplasia intestinal. Foi realizado estudo imuno-histoquímico para diagnóstico diferencial de adenocarcinoma mucossecretor bem diferenciado. A cistite glandular, quando manifestada macroscopicamente, assemelha-se a uma neoplasia por apresentar um aspecto irregular, difuso e algumas vezes ulceroso. Seu diagnóstico e tratamento podem ser simultâneos, porém, nos casos mais graves, as opções terapêuticas são restritas. O diagnóstico diferencial é extremamente importante para afastar a possibilidade de adenocarcinoma vesical, portanto, é imprescindível o acompanhamento periódico dos pacientes após o tratamento com a realização de exames específicos. O uso de marcadores imuno-histoquímicos tem se tornado relevante para o correto diagnóstico, pois genes relacionados ao ciclo celular, como o fator de transcrição homebox 2 do tipo caudal (CDX2), podem representar um vínculo entre o surgimento de metaplasia e sua possível progressão a adenocarcinoma.
Keywords