Media&Jornalismo (Oct 2020)

A Revolução nas Notícias que ninguém nomeou

  • Michael Schudson

DOI
https://doi.org/10.14195/2183-5462_37_1
Journal volume & issue
Vol. 20, no. 37

Abstract

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Em 2020, os debates correntes e académicos sobre o jornalismo nos Estados Unidos - e nos países em que foi significativamente influenciado pelo modelo norte-americano - assumiram que a “objetividade” é o ideal que orienta a atividade do jornalista. Mas essa assunção carece de fundamentação. No trabalho conjunto com Katherine Fink (2004), defendi que nos Estados Unidos ocorreu uma transformação dramática nas práticas e ideais jornalísticos, que teve início no final dos anos 60 e que se consolidou a partir da década de 1970. Se nos anos 50 e 60 o modelo da “objetividade” é aplicável a cerca de 90% das notícias de primeira página dos principais jornais norte-americanos, no final dos anos 70 adequa-se a apenas 40-50% das notícias, sendo que as restantes peças remetem para o chamado jornalismo “contextual” ou “analítico”. Outros autores chegam à mesma conclusão no que concerne ao jornalismo norte-americano e outros ainda encontram mudanças similares em vários países da Europa. Por que razão jornalistas e historiadores do jornalismo não identificaram esta mudança? De que forma podemos compreender melhor esta transformação no âmbito do profissionalismo moderno, de um Profissionalismo 1.0 para um Profissionalismo 2.0 - uma revolução poderosa que foi anterior à revolução digital? Este ensaio procura dar resposta a estas questões.

Keywords