Linguagens, Educação e Sociedade (Aug 2016)
POTENCIALIDADES E LIMITES DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL MEDIANTE TROCAS INTERGERACIONAIS
Abstract
O texto baseia-se em resultados de pesquisa acadêmica que investigou o encontro de duas gerações distintas de professoras, vinculadas a uma mesma instituição pública de ensino fundamental, visando a compreender os conteúdos das trocas socializadoras e formativas que elas empreendem no interior do mundo escolar. O campo empírico do estudo foi um estabelecimento público de ensino fundamental, situado no interior nordeste do Estado de São Paulo; naquele universo dialogamos com duas distintas gerações de docentes: a geração adulta e a jovem geração de docentes. Além do fator etário, à apreensão das docentes como partícipes de gerações distintas, consideramos vivências pertinentes à escolarização básica das docentes e também seus processos de formação inicial para o exercício do magistério, nas circunstâncias e temporalidades históricas, sociais e políticas que eles ocorreram na sociedade brasileira. De natureza qualitativa, a pesquisa beneficiou-se de aportes teóricos encontrados em obras de autores vinculados aos domínios da Educação e da Sociologia. A observação direta, o registro em caderno de campo, a aplicação de formulário com questões abertas e fechadas e a realização de “entrevista reflexiva”, foram as atividades de campo mais utilizadas. Na análise dos resultados obtidos nas diferentes etapas do estudo, pudemos compreender que a partir dos laços e experiências que tecem conjuntamente sob um mesmo teto, elas produzem e reproduzem respostas às demandas e aos problemas do cotidiano escolar, aqueles que elas consideram ser os mais desafiadores nas interações sociais com os alunos, nas relações de ensinoaprendizagem em sala de aula, no emaranhado de relações administrativas e burocráticas que invadem o mundo da escola e nas interações com as famílias de origem das crianças-estudantes que educam. Entretanto, os resultados do estudo também evidenciaram que os conteúdos das trocas que as docentes conformam não possuem potência suficiente para produzirem respostas às inquietações que partilham quanto às mudanças sociais, culturais e geracionais que invadem a escola, provocando, entre outras situações, a perda da centralidade da educação escolar na formação das novas gerações de estudantes, e o que denominaram de “desvalorização” da figura e da autoridade do professor na atualidade.