Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Sep 2007)
Freqüência da hipertensão arterial em chagásicos crônicos e sua repercussão no coração: estudo clínico e anatomopatológico Frequency of hypertension in patients with chronic chagas’ disease and its consequences on the heart: a clinical and pathological study
Abstract
FUNDAMENTO: Dados da literatura sobre a concomitância da doença de Chagas e hipertensão arterial são controversos e, quando presentes, não se referem à repercussão da simultaneidade na história natural da doença de Chagas ou na hipertensão. OBJETIVO: Avaliar a freqüência da concomitância entre a doença de Chagas e a hipertensão arterial e suas repercussões clínicas e anatomopatológicas. MÉTODOS: Selecionamos necropsias realizadas no Departamento de Anatomia Patológica do Hospital e Maternidade Celso Pierrô, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e as dividimos em três grupos: grupo CH + HAS - chagásicos hipertensos; grupo CH - chagásicos não-hipertensos; e grupo HAS - hipertensos não-chagásicos. Analisamos estatisticamente as variáveis sexo, idade, raça, formas clínicas da doença de Chagas, achados eletrocardiográficos e anatomopatológicos. RESULTADOS: Nessa avaliação, foram encontrados 101 (2,9%) casos de pacientes com doença de Chagas, sendo 33 (32,7%) deles também hipertensos. Houve discreto predomínio do sexo masculino, sendo a distribuição racial e a idade média semelhantes nos três grupos. Hipertensão arterial grave não foi encontrada com freqüência entre os chagásicos. Quando presente, a hipertensão não alterou os achados clínicos ou anatomopatológicos compatíveis com a doença de Chagas. CONCLUSÃO: A freqüência da hipertensão arterial nos chagásicos foi semelhante à observada na população geral. A hipertensão arterial, quando presente nos chagásicos, ocorreu em pacientes com maior média de idade. A concomitância de hipertensão arterial e doença de Chagas não alterou a história natural de ambas as doenças.BACKGROUND: Data from the literature on the frequency of concomitant Chagas’ disease and hypertension are controversial and, when available, do not mention the consequences of this concomitance in the natural history of either Chagas’ disease or of hypertension. OBJECTIVE: To assess the frequency of concomitant Chagas’ disease and hypertension and the clinical and anatomopathological consequences of this association. METHODS: The cases were selected from necropsies performed in the Department of Pathological Anatomy of Hospital e Maternidade Celso Pierrô of Pontifícia Universidade Católica de Campinas and divided into three groups: CH + SH group, of patients with Chagas’ disease plus hypertension; CH group, of patients with Chagas’ disease without hypertension; and SH group, of patients with hypertension without Chagas’ disease. The variables of gender, age, race, clinical forms of Chagas��� disease, and electrocardiographic and anatomopathological findings were statistically analyzed. RESULTS: In this assessment, a total of 101 (2.9%) cases of patients with Chagas’ disease was found, and 33 (32.7%) of them also had hypertension. A slight predominance of the male gender was observed; racial distribution and mean age were similar in the three groups. Severe hypertension was not frequently found among chagasic patients. When present, hypertension did not change the clinical and anatomopathological findings compatible with Chagas’ disease. CONCLUSION: The frequency of hypertension in chagasic patients was similar to that observed in the general population. Hypertension, when present in chagasic patients, occurred in those with a higher mean age. The concomitance of hypertension and Chagas’ disease did not change the natural history of either one of the two diseases.
Keywords