A Cor das Letras (Feb 2017)

DO OUTRO LADO DA AVENIDA RIVADAVIA: O ANTI-MUNDO

  • Heloísa Helena Siqueira Correia,
  • Valdir Aparecido de Souza

DOI
https://doi.org/10.13102/cl.v15i1.1417
Journal volume & issue
Vol. 15, no. 1
pp. 53 – 74

Abstract

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A partir de pontuais relações entre história e literatura, as reflexões que se seguem giram em torno da construção mítica de Buenos Aires, da fronteira — sem linhas geográficas específicas, mas também com a indicação de fronteira com o Brasil — e do Sul, realizada por Jorge Luis Borges, toman- do símbolos, já recorrentes na literatura argentina, como o punhal, o gaúcho oriental, o duelo e o pampa e os torna universais. No caso específico dos duelos de gaúchos com armas brancas está presente o tema do duplo, tema importante para a literatura fantástica, promovendo a intersecção de planos literários diversos; a partir de uma leitura que toma esta estética como mi- mesis da representação, passa-se a observar a presença da mimesis da pro- dução, termo cunhado pelo crítico Luis Costa Lima para um tipo de mimesis que, ao invés de conjugar-se com a physis aproxima-se de uma antiphysis. A mimesis da representação está presente na fundação mítica de Buenos Aires, da fronteira e do Sul, nos contos que a concretizam e nos motivos borgeanos de tal fundação. A antiphysis, por sua vez, se pode notar em contos como “El inmortal”, “El evangelio según Marcos”, “Tlön, Uqbar, Orbis Tertius” e “El en- cuentro”.