Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANÁLISE DE PROTOCOLOS E PAINÉIS UTILIZADOS PARA DIAGNÓSTICO DE HPN POR MEIO DE ENQUETE REALIZADA POR UM PROVEDOR DE AVALIAÇÃO EXTERNA DA QUALIDADE

  • F Spagnol,
  • P Portela,
  • MG Farias,
  • C Bastos,
  • A Vieira,
  • B Santos,
  • JA Poloni

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S93 – S94

Abstract

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Objetivo: A Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) é uma doença clonal rara que ocorre nas células-tronco hematopoiéticas caracterizadas por uma mutação somática adquirida do gene PIG-A. A Citometria de Fluxo (CF) é um método sensível para a detecção de células deficientes em glicosilfosfaditilinositol (GPI), útil para identificar diversos tamanhos de clones HPN. O objetivo deste estudo foi realizar uma enquete com laboratórios (labs) de análises clínicas a fim de verificar quem realiza o teste para HPN por CF, quais os painéis e protocolos utilizados. Esta enquete foi realizada por provedor de avaliação externa da qualidade para fins de planejamento dos programas e atividades de educação continuada. Resultados: A enquete foi respondida por 86 labs sendo que 32 (37,0%) realizam análises por CF para o diagnóstico de HPN. Para os que realizam, foram abordadas perguntas relacionadas à quantidade de eventos adquiridos para as populações analisadas (neutrófilos, monócitos e eritrócitos), quais os marcadores utilizados para a definição da linhagem das populações e quais os marcadores para a pesquisa de clones HPN sendo permitido, nestas duas últimas perguntas, a seleção de mais de uma opção de resposta. Quanto aos resultados dos eventos adquiridos na população de neutrófilos: 3,1% responderam 100 eventos; 53,1% entre 10.000 e 100.000; 37,5% entre 100.000 e 500.000 e 6,3% acima de 500.000. Na população de monócitos: 3,1% responderam 100 eventos; 68,7% entre 5.000 e 100.000; 21,9% entre 100.000 e 500.000 e 6,3% acima de 500.000; e na população de eritrócitos: 15,6% responderam até 100.000 eventos; 34,4% entre 200.000 e 500.000; 46,9% entre 500.000 e 1.000.000 e 3,1% acima de 1.000.000. Em relação aos marcadores da linhagem de neutrófilos, o CD15 e o CD45 foram os mais utilizados (85,2%); linhagem de monócitos, CD64, CD33 e CD45 (87,3%) e da linhagem de eritrócitos, CD235a e CD45 negativo (73,3%). Para a pesquisa de clone HPN na população neutrófilos: 35,7% utilizam aerolisina fluorescente (FLAER); 23,8% CD157; 17,9% CD24; 7,2% CD16; 5,9% CD55; 4,7% CD59 e 3,6% CD66b. Para clone HPN na população monócitos: 37,7% utilizam FLAER; 26,0% CD157; 23,3% CD14; 3,9% CD55 e 2,6% CD59. E para clone HPN na população eritrócitos, 84,3% utilizam CD59 e 10,5% CD55. Discussão: A enquete permitiu verificar que os labs usam diferentes estratégias de aquisição de eventos, marcadores de linhagens e de células deficientes de GPI para pesquisa de clone HPN. Há uma pequena parcela de labs que adquirem poucos eventos, e esta estratégia pode resultar em perda da sensibilidade prejudicando a detecção de pequenos clones, importantes para o risco de eventos trombóticos. O FLAER e o CD157, utilizado pela grande maioria dos labs, mostram maior desempenho para detectar células anormais em neutrófilos e monócitos quando comparados a outros anticorpos ancorados a GPI. Conclusão: A padronização da técnica para pesquisa de clone HPN é desafiadora, já que é necessário validar diversas etapas. A despeito da existência de diretrizes publicadas com a padronização da técnica, ainda há grande variação nas estratégias de análise realizadas pelos labs. Seguir diretrizes publicadas está diretamente relacionada a maior confiança nos resultados. Por isso, conhecer as condutas usuais para estas análises no EP permite melhor planejamento de atividades de educação continuada pelo provedor, bem como melhoria na qualidade dos resultados e maior segurança para os pacientes.