Fronteiras (Aug 2020)

A luta dos(as) Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul por Kunã Aranduhá

  • Cláudia Regina Niching,
  • Paula Faustino Sampaio

DOI
https://doi.org/10.30612/frh.v22i39.12579
Journal volume & issue
Vol. 22, no. 39
pp. 212 – 224

Abstract

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Jaqueline Gonçalves Porto, Kunã Aranduhá na língua guarani, é uma jovem liderança Guarani e Kaiowá. À importância de ser uma liderança feminina combatente em tempos tão sisudos e violentos para os povos tradicionais do Brasil, soma-se o fato de Aranduhá se constituir uma das protagonistas e organizadoras da Grande Assembléia de Mulheres Indígenas Guarani Kaiowá, a Kunangue Aty Guassu, que acontece anualmente nas terras indígenas em Mato Grosso do Sul, acolhendo mulheres indígenas de diferentes tekohas para a discussão de agendas específicas das mulheres. Essa entrevista foi realizada em setembro de 2019, nas dependências da Universidade Federal da Grande Dourados, onde Jaqueline é uma liderança também entre os(as) estudantes indígenas. Ela formou-se recentemente em Ciências Sociais e iniciou recentemente o mestrado em Antropologia Social, na mesma instituição. Sobre as suas vivências, sua experiência de militância indígena e sobre os feminismos é que conversamos, principalmente buscando refletir de que forma a atuação de uma jovem liderança indígena e feminista provoca (ou não) mudanças na produção do conhecimento, nas práticas educacionais e nas relações entre estudantes indígenas e não indígenas. Buscando trazer provocações a partir dos estudos indígenas e da epistemologia feminista, faz críticas à ciência colonial androcêntrica. Nossa conversa explicitou a força e a vibração dessa militante Guarani Kaiowá, feminista e mãe, que tem muito o que nos ensinar com sua força e perseverança, principalmente com a humildade e o respeito que tem com seu povo, sobretudo em relação às mulheres de diferentes gerações.