Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
PERFIL DAS INTERNAÇÕES POR LEPTOSPIROSE NOS ÚLTIMOS 10 ANOS NO BRASIL
Abstract
Introdução/Objetivo: A Leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda, com risco de letalidade e apresenta elevada incidência em áreas com precária infraestrutura sanitária. O objetivo desse trabalho foi caracterizar os indivíduos internados, as internações e a Taxa de Mortalidade por mil habitantes (TM) por Leptospirose, no Sistema Único de Saúde (SUS), entre os anos de 2013 e 2022, no Brasil. Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, cuja fonte de dados foi o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) do Ministério da Saúde, disponíveis na plataforma DATASUS. Resultados: Houve um total de 19.774 internações por Leptospirose no Brasil, com maior frequência no sexo masculino (84%), na raça branca (38,6%) e na faixa etária de 20 a 39 anos (39,4%). A idade média foi de 36,4 ± 17,01 anos. Cerca de 35% dos atendimentos se concentraram no primeiro trimestre dos anos estudados. A TM geral foi de 5,85, sendo maior no sexo feminino (6,70) do que no masculino (5,68). Pardos e pretos apresentam a mesma TM de 7,11, mais elevadas quando comparadas aos brancos (TM 3,93) e amarelos (TM 5,64). Do total de internações, 38,2% ocorreram no Sul (TM 2,88), 28,3% no Sudeste (TM 8,23), 20,3% no Nordeste (TM 8,31), 11,8% no Norte (TM 5,67) e 1,4% no Centro-Oeste (TM 4,09). Os estados com mais internações foram Rio Grande do Sul (3.558 internações, TM 2,5), São Paulo (3.382 internações, TM 9,02) e Santa Catarina (2.666 internações, TM 2,1), juntos totalizam 48,6% de todas as internações nacionais. Já os estados com menor número de internamentos foram Roraima (9 internações, TM 0), Mato Grosso do Sul (27 internações, TM 0) e Tocantins (35 internações, TM 5,71). Os estados com as maiores taxas de mortalidade foram Sergipe (TM 14,75), Paraíba (TM 10,34) e Rio de Janeiro (TM 9,56). Já os estados com menores taxas de mortalidade foram Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Alagoas (TM 2,72). Conclusão: Houve maior frequência de internações do sexo masculino, brancos e entre a 2ª-3ª décadas de vida. Apesar disso, a TM foi maior entre indivíduos do sexo feminino e nas etnias parda e preta. Observou-se maior frequência de internamentos no verão, época mais chuvosa do ano. As internações foram mais frequentes no Sul do país, apesar dessa região apresentar a menor TM nacional. Percebeu-se uma disparidade de TM entre as regiões do Brasil e entre os próprios estados da mesma região, como Alagoas, uma das menores TM, e Sergipe, a maior TM.