Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Dec 2005)

Cardiotocografia computadorizada em gestações complicadas pelo diabete melito pré-gestacional: padrões da freqüência cardíaca em fetos grandes para a idade gestacional Computerized cardiotocography in pregnancies complicated by pregestational diabetes mellitus: heart rate patterns in large for gestational age fetuses

  • Roseli Mieko Yamamoto Nomura,
  • Verbênia Nunes Costa,
  • Kathia Sakamoto,
  • Carlos Alberto Maganha,
  • Seizo Miyadahira,
  • Marcelo Zugaib

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032005001200002
Journal volume & issue
Vol. 27, no. 12
pp. 712 – 718

Abstract

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OBJETIVO: verificar os padrões da freqüência cardíaca de fetos grandes para a idade gestacional (GIG), em gestantes com diabete melito pré-gestacional. MÉTODOS: sessenta e quatro gestantes diabéticas pré-gestacionais foram avaliadas semanalmente quanto à vitalidade fetal. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico pré-gestacional de diabetes melito, gestação única, feto vivo, ausência de anomalia fetal e cardiotocografia computadorizada realizada na 37ª semana. Os critérios de exclusão foram: diagnóstico pós-natal de anomalia fetal e parto não realizado na instituição. Os padrões da freqüência cardíaca fetal (FCF) foram investigados pela cardiotocografia computadorizada (Sistema-8002 Sonicaid). Os parâmetros foram analisados de acordo com a classificação pela adequação do peso do recém-nascido em GIG (acima do percentil 90 para a idade gestacional). Os parâmetros cardiotocográficos incluíram: FCF basal, acelerações, episódios de alta variação, episódios de baixa variação e variação de curto prazo. RESULTADOS: do total, 42 pacientes preencheram os critérios propostos. Houve 10 recém-nascidos GIG (23,8%). A cardiotocografia apresentou resultado normal em todos os casos. As acelerações da FCF (superiores a 15 bpm) estavam presentes em 7 (70%) dos casos GIG e em 29 (90,6%) dos casos não GIG (p=0,135). A freqüência dessas acelerações foi maior no grupo não GIG (1,5±1,3 acelerações/10 min) quando comparado ao grupo GIG (0,8±0,9 acelerações/10 min, p=0,04, teste de Mann-Whitney). Os episódios de alta variação foram detectados em todos os casos. A média da variação nesses episódios foi diferente no grupo GIG (16,2±2,5 bpm) quando comparado ao não GIG (19,7±4,2 bpm, p=0,02, teste de Mann-Whitney). CONCLUSÕES: os padrões da FCF verificados em fetos não GIG (maior freqüência de acelerações e a maior variação da FCF em episódios de alta variação) refletem parâmetros comumente analisados pela cardiotocografia tradicional na higidez fetal. Esse fato sugere a existência de padrões indicativos de melhor condição de oxigenação dos fetos menos comprometidos pelos efeitos do diabetes na gravidez.PURPOSE: to verify the fetal heart rate (FHR) patterns of large for gestational age (LGA) fetuses in pregnancies at term complicated by pregestational diabetes. METHODS: fetal surveillance was performed weekly in 64 fetuses of mothers with pregestational diabetes. Inclusion criteria were: diagnosis of pregestational diabetes mellitus, single pregnancy, alive fetus, absence of fetal anomalies, and computerized cardiotocography performed at the 37th week of gestation. Exclusion criteria included: postnatal diagnosis of fetal anomalies and delivery not performed at the local hospital. The FHR patterns were studied with computerized cardiotocography and the parameters were analyzed according to a fetal weight as LGA (birth weight above percentile 90). The cardiotocography parameters included: basal FHR, episodes of high variation, episodes of low variation, and short-term variation. RESULTS: forty-two patients fulfilled the proposed criteria. Ten (23.8%) newborns were LGA. Normal criteria were met in all performed examinations. FHR accelerations (above 15 bpm) were present in 7 (70%) LGA cases and in 29 (90.6%) non-LGA (p=0.135). Accelerations were more frequent in the non-LGA group (1.5±1.3 accelerations/10 min) when compared to LGA group (0.8±0.9 accelerations/10min, p=0.04, Mann-Whitney test). The high variation episodes were detected in all cases. The mean FHR variation in these episodes was different in the LGA group (16.2±2.5 bpm) when compared to the non-LGA group (19.7±4.2 bpm, p=0.02, Mann-Whitney test). CONCLUSION: the FHR patterns of non-LGA (higher frequency of accelerations and higher FHR variation in the high variation episodes) reflect parameters commonly analyzed by traditional cardiotocography of a healthy fetus. This fact appears to confirm the patterns of better oxygen supply to the fetuses less compromised by diabetes in pregnancy.

Keywords