Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

RECIDIVA DE LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) COM ACOMETIMENTO EM SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC): RELATO DE CASO

  • IP Santos,
  • BBL Alvarenga,
  • ER Mattos,
  • FFL Queiroz,
  • IMV Melo,
  • LP Queiroz,
  • LGR Barbosa,
  • MRK Higashi

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S173 – S174

Abstract

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Objetivo: Descrever um caso recidiva de LMA, com acometimento de SNC diagnosticada após um ano de primeira remissão. Material e métodos: Relato de caso por meio de coleta de dados do prontuário de paciente atendido e acompanhado no Hospital Amaral Carvalho (HAC). Resultados: Paciente, 28 anos, masculino, diagnosticado com LMA sem diferenciação, com risco favorável (Citogenética normal com NPM1 mutado e FLT3 ITD low) em abril/2020. Realizada indução com protocolo 7+3 (Citarabina + Daunorrubicina) e 3 consolidações com citarabina alta dose. Evoluiu com resposta completa e doença residual mínima (DRM) negativa. Em abril/2021, iniciou astenia, perda de peso e cefaleia esporádica, hemograma evidenciando anemia e plaquetopenia com leucocitose (18370 com 5% de blastos). Mielograma com infiltração maciça por células blásticas e citometria de fluxo mostrando o fenótipo inicial. Durante avaliação, evoluiu com diminuição de força em dimidio esquerdo e piora de cefaleia. Ressonância magnética (RM) de crânio: múltiplos nódulos encefálicos infra e supratentoriais com hipossinal em T1 e iso-hiperssinal em T2 e FLAIR, o maior deles acompanhado com edema vasogênico; sem efeito de massa. Punção de líquido cefalorraquidiano: positivo para células neoplásicas, compatíveis com LMA. Optado por realizar citarabina alta dose, para melhor penetração em SNC, sem sucesso. Evoluiu com quadros infecciosos e perda de performance status, evoluindo em tratamento paliativo. Discussão: A infiltração do SNC em crianças não é infrequente, porém em adultos é entidade rara, tanto em recém diagnosticados, quanto nos pacientes com recidiva. A incidência cumulativa de 5 anos de recidiva meníngea em pacientes tratados com protocolos antigos e modernos (com transplante de medula) foi de 3,9% e 0,3%, respectivamente. Em um estudo, foi visto que o tempo médio para a recidiva do sistema nervoso central foi de sete meses (1–16 meses). Leucemias com diferenciação monocitária, leucometria e DHL altos ao diagnóstico parecem ser fatores de maior risco. Sinais de lesão neurológica, associado com lesões com hipossinal em T1 e hiperssinal em T2 em RM devem ser lembradas no diagnóstico diferencial de LMA com infiltração de SNC. Protocolos baseados em altas doses de citarabina, associados a quimioterapia intratecal parecem ser os ideais, associados ou não a radioterapia. A sobrevida média após a recidiva em SNC é de aproximadamente 4 meses. Conclusão: A ocorrência do acometimento do SNC em pacientes com LMA é rara. Estudos prévios sugerem que a incidência vem diminuindo devido novos tratamentos quimioterápicos e melhora no transplante de medula óssea. Estudos futuros são necessários para melhor elucidar quais pacientes tem maior risco, para que possamos adequar o tratamento desses pacientes, diminuindo seu risco de recidiva, uma vez que, neste cenário, o prognóstico é sombrio.