Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Jul 2018)
A importância da partilha da informação clínica: o relato de caso de uma reação adversa
Abstract
Introdução: Ainda que pouco consensual, a terapêutica antiemética é amplamente utilizada na prática clínica com o objetivo de minimizar a desidratação e diminuir a necessidade de fluidoterapia endovenosa. A escolha do antiemético é de extrema importância, dada a incidência de reações adversas que pode alcançar os 25% em idade pediátrica. Descrição do caso: Adolescente do sexo masculino, com 12 anos de idade, recorreu ao serviço de urgência de um hospital privado por surgimento no próprio dia de cefaleias, um pico febril e um episódio de vómito. Foram administrados paracetamol e metoclopramida endovenosos com melhoria das queixas. Contudo, algum tempo depois, reiniciou um quadro de cefaleias frontais intensas e agitação psicomotora, que motivou a transferência para o serviço de urgência do Serviço Nacional de Saúde. À admissão apresentava-se muito ansioso, queixoso, agitado e desconfortável. No início da observação iniciou um conjunto de movimentos anómalos que dificultavam a comunicação e a realização do exame objetivo, mas sem nunca perder a consciência. Suspeitou-se de uma reação extrapiramidal à administração de metoclopramida endovenosa, tendo sido administrado biperideno endovenoso, com reversão total do quadro clínico. Comentário: Apesar de pouco frequentes, as reações distónicas agudas podem surgir com a dose terapêutica de metoclopramida. Os médicos de medicina geral e familiar contactam com utentes de todas as idades e, como tal, relembra-se a importância de ter sempre presente os possíveis efeitos adversos da medicação, assim como do registo e transmissão da informação relativa às atitudes terapêuticas realizadas, que neste caso foram essenciais. Em idade pediátrica, como alternativa à metoclopramida, a administração de fármacos com segurança bem estabelecida, como o ondansetron e a domperidona, é aconselhada.
Keywords