Cadernos Cajuína (Jul 2024)

Impacto da Contaminação por Hexaclorociclohexano na Qualidade de Vida de uma População Rural de Duque de Caxias, RJ, Brasil

  • Byanca Ribeiro Benevenuto,
  • Marília Salete Tavares,
  • Tainá dos Santos Reis,
  • Caroline Amorim Merçon Vieira,
  • Jacenir Reis dos Santos Mallet,
  • Marco Orsini Orsini,
  • Adalgiza Mafra Moreno,
  • Luciana Armada

DOI
https://doi.org/10.52641/cadcajv9i3.392
Journal volume & issue
Vol. 9, no. 3

Abstract

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Introdução: O hexaclorociclohexano é um composto orgânico altamente tóxico que se acumula nos tecidos (sangue, tecido adiposo e tecido nervoso). Existem diferentes vias de exposição da população da Cidade dos Meninos a esse poluente a partir do solo superficial: através dos alimentos, poços de água e do ar, seja por meio do contato direto com a pele ou por inalação. Objetivo: Investigar a qualidade de vida dos moradores da Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias, RJ, expostos ao hexaclorociclohexano ao longo de suas vidas. Metodologia: Foi conduzido um estudo observacional, analítico e transversal. A população-alvo incluiu os moradores da Cidade dos Meninos, e a amostra de 70 indivíduos de ambos os sexos, maiores de 18 anos, residentes na área contaminada, foi selecionada por conveniência, considerando a disponibilidade e a disposição dos moradores em participar do estudo. Utilizou-se o questionário de qualidade de vida SF-36 para avaliação. O protocolo do estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Iguaçu (CAAE: 53219121.6.0000.8044). Todos os participantes forneceram seu consentimento livre e esclarecido por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados e Discussão: Dos participantes avaliados, 36% são do sexo masculino e 64% do sexo feminino. A faixa etária predominante entre os moradores está entre 51 e 70 anos (40%), e 49% se identificaram como negros. Os resultados do questionário de qualidade de vida SF-36 indicam uma média da pontuação total de 68 pontos, caracterizando uma boa qualidade de vida. No entanto, cerca de 16% dos participantes não alcançaram 50 pontos. Nos domínios de capacidade funcional, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais e saúde mental, a maioria obteve pontuações superiores a 50 pontos. Contudo, em um número significativo de moradores avaliados, foram observadas pontuações abaixo da média em certos domínios, como aspectos físicos (pontuação 0: 21%, pontuação ≤ 50: 40%) e emocionais (pontuação 0: 19%, pontuação ≤ 50: 27%).Além disso, identificou-se a presença de fatores socioeconômicos e acesso limitado a serviços de saúde, os quais podem influenciar negativamente a qualidade de vida dos residentes. Os achados indicam uma discrepância entre a percepção global de qualidade de vida e a pontuação em domínios específicos do SF-36. A presença de fatores socioeconômicos e a falta de acesso a cuidados de saúde adequados emergem como possíveis determinantes desse fenômeno. Uma das principais limitações deste estudo foi a dificuldade em encontrar outros trabalhos realizados no Brasil que tenham avaliado a qualidade de vida em ambientes rurais e ambientes contaminados de forma semelhante. Isso limitou a comparação dos resultados encontrados com outras populações rurais no país. Informações insuficientes sobre o tempo de exposição ao HCH e a quantidade de alimentos produzidos na Cidade dos Meninos consumidos também são importantes limitações do estudo. Conclusão: Embora parte dos moradores tenha relatado uma boa qualidade de vida, é preocupante observar que uma parcela significativa apresentou pontuações abaixo de 50% em diferentes domínios do questionário SF-36. Esses resultados destacam a importância de abordagens multidisciplinares e intervenções específicas para melhorar a qualidade de vida desses moradores, promovendo acesso adequado a cuidados de saúde e melhorando as condições socioeconômicas, visando a um ambiente mais saudável e seguro

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