O farmacêutico na gestão de medicamentos em um serviço de hemodinâmica de hospital universitário do Sul do Brasil, RS: antes e depois

Abstract

Introdução: Minimizar desperdícios, garantindo o controle e uso adequado de medicamentos é um dos desafios do profissional farmacêutico no âmbito hospitalar. Como os medicamentos representam um dos maiores custos hospitalares, a revisão de processos para assegurar o consumo racional, seguro e sustentável de medicamentos é desafiador e de extrema importância. Em 2022, o serviço de farmácia em conjunto com o serviço de hemodinâmica do hospital universitário do sul do Brasil realizou o redesenho do fluxo de medicamentos para a unidade. Objetivos: Descrever a reestruturação da gestão de medicamentos no serviço de hemodinâmica e analisar o consumo de medicamentos antes e após reestruturação dos processos de trabalho. Material e Método: Estudo descritivo com coleta de dados retrospectiva. A análise contemplou 30 medicamentos de maior consumo na hemodinâmica nos períodos de novembro/2021 a abril/2022 (período pré) e novembro/2022 a abril/2023 (período pós). Resultados: A reestruturação do atendimento foi realizada por equipe multiprofissional composta por farmacêuticos, médicos e enfermeiros. Realizou-se a padronização do quantitativo máximo de medicamentos em sala cirúrgica com base no consumo histórico e a reposição passou a ocorrer de forma diária por sala. A composição dos kits foi readequada e a sala de recuperação passou a ser atendida através de correio pneumático, eliminando a etapa de deslocamento da enfermagem. Dos 30 medicamentos analisados, 21 (70%) apresentaram redução de consumo, 1 (3,3%) não teve o consumo alterado e 7 (23,3%) apresentaram aumento de consumo em comparação ao período pré. Seis meses após implantação, houve redução de 21,74% (n=2304) do consumo total dos medicamentos analisados, gerando uma economia de 14,9% e, em valor, R$ 20.917,53. Os medicamentos que apresentaram maior redução no consumo foram, em ordem decrescente: morfina (-88,6%), remifentanil (-86,0%), midazolam (-84,8%), diazepam (-81,8%), fentanil (-76,1%), propofol (-74,1%), tiopental (-55,0%) e dipirona (-46,8%). Os medicamentos que apresentaram aumento de consumo, em ordem crescente, foram: cefazolina (1,6%), clonidina (3,2%), nitroglicerina (4,5%), dexametasona (12,6%), hidrocortisona (13,6%), metaraminol (17,1%) e adrenalina (38,1%). Discussão e Conclusões: A partir da análise preliminar de dados de consumo, observa-se que, em seis meses de implantação da gestão dos estoques por um farmacêutico, com a alteração do processo de dispensação e reposição de estoque no serviço de hemodinâmica, houve importante redução de consumo de diversos medicamentos, além de otimização do serviço de enfermagem. A alteração na gestão da cadeia medicamentosa no serviço de hemodinâmica, através do redesenho de processos relacionados à dispensação e disponibilização de medicamentos no setor agregou maior segurança no controle de estoque, redução de desperdícios, racionalidade no e benefício econômico à instituição em virtude da redução no consumo de alguns fármacos.

Keywords

• Medicamentos; Hemodinâmica; Farmácia Hospitalar; Gestão de estoque.