Revista Criação & Crítica (Dec 2014)
Loucos, bufões, cegos e manetas: os contadores de histórias de Tahar Ben Jelloun
Abstract
O contador de histórias de Tahar Ben Jelloun apresenta-se como personagem vacilante entre passado e presente, oral e escrito, loucura e sabedoria. Em três romances do escritor marroquino, o personagem-narrador do contador se multiplica e desdobra, expressando a polifona do texto, o desequilíbrio do personagem, o desvario de sua situação: exterritorial (BONN), desterritorializada (DELEUZE e GUATTARI), colocando em questão a verdade do texto (como não raro nos textos contemporâneos) e a unidade do mundo (que deveria ser garantida pelo trabalho milenar da tradição do contador). A loucura do contador decorre da dor do desterro, mas também do poder do livro e da história: de possuidor do texto, passa a ser possuído por ele. O contador enlouquecido torna-se, então, exorcista, para expulsar de si e das páginas do livro as histórias dos personagens. Loucura que é condição da “reterritorialização simbólica”.
Keywords