Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)
Perfil de utilização de medicamentos entre crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista acompanhados em centro de referência no Estado da Bahia
Abstract
Introdução: Os psicofármacos utilizados no tratamento visam minimizar transtornos emocionais e comportamentais incluindo irritabilidade, comportamento disruptivo e comportamentos repetitivos/estereotipados em pacientes com transtorno do espectro autista (TEA). Estudos que avaliem o padrão de consumo de medicamentos em pacientes com TEA são escassos em nosso meio. Objetivo: Descrever o padrão de utilização de medicamentos prescritos entre crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista (TEA) admitidos em um Centro de Referência Estadual, em Salvador – Bahia. Métodos:Estudo de corte-transversal envolvendo crianças e adolescentes com diagnósticos de TEA definido de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-V) e admitidos no Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA) entre o período de dezembro de 2017 e dezembro de 2018. O CRE-TEA é um centro de integração docente-assistencial voltado para atenção especializada às pessoas com TEA e seus cuidadores no âmbito da Rede de Atenção à Saúde do Estado da Bahia e que tem como objetivo propor inovações técnicas-pedagógicas-assistenciais. Foram coletados dados demográficos, socioeconômicos e relativos ao uso de medicamentos prescritos no momento do acolhimento dos pacientes no Centro. O psicofármaco foi definido como medicamento com código N da classificação Anatômico Terapêutico Químico (Anatomical Therapeutic Chemical– ATC) da Organização Mundial da Saúde. Considerou-se polifarmácia com psicofármacos o uso dois ou mais psicofármacos. Resultados:Foram incluídos na análise 98 pacientes com idade média foi igual 9,4 ± 4,7. A maioria dos indivíduos eram sexo masculino (80,6%), possuíam cor da pele parda (40,8%) e renda familiar entre 2 – 3 salários mínimos da época (30,6%). Do total, 67 (68,4%) faziam uso de algum medicamento prescrito. Os psicofármacos foram os medicamentos mais frequentemente utilizados (63,3%). A polifarmácia com psicofármacos foi identificada em 31 (31,6%) dos pacientes. Os medicamentos mais utilizados foram a risperidona (46,9%) seguido da periciazina (12,2%) e aripiprazol (5,1%). Conclusão: Os psicofármacos são frequentemente utilizados em crianças e adolescentes com TEA admitidos em um Centro de Referência. Nesta amostra, a maioria dos pacientes eram tratados com o antipsicótico risperidona. Estratégias para promoção do uso racional de medicamentos nessa população se faz necessário.