Sağlık Akademisi Kastamonu (Oct 2022)

POR ACASO… OU NÃO! EXPERIÊNCIA VIVIDA EM VISITA DOMICILIÁRIA NA ÁREA DOS CUIDADOS PALIATIVOS COMUNITÁRIOS

  • Fátima De Jesus Chibante Camões Pinheiro,
  • Raquel Loreta Espinoza Badilla,
  • Cláudia Cristina Sousa Mourão

DOI
https://doi.org/10.25279/sak.1138660
Journal volume & issue
Vol. 7, no. Special Issue
pp. 157 – 157

Abstract

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Introdução: No decorrer do exercício profissional na ECCI (Equipa de Cuidados Continuados Integrados) do Almourol, é realizada visita domiciliária (VD) a doente oncológica em fase terminal com o objetivo de poder ser cuidada no domicilio. Durante uma semana de estágio na Equipa Intra Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos (EIHSCP) do Hospital de Leiria, em conjunto com a médica e a assistente social, aborda-se o trabalho em equipa, controlo de sintomas, comunicação, protocolos de úlltimos dias e horas de vida (UDHV), possibilidade de cumprir os desejos em fim de vida, cuidar em casa com os recursos (in)disponíveis em Cuidados Paliativos nos Cuidados de Saúde Primários, e o antecipar a perda e apoio no luto junto da familia. A interdisciplinaridade revela-se uma ferramenta preciosa para cuidar até ao fim e poder morrer com dignidade. A D. Ema, de 68 anos, com neoplasia gástrica metastizada a vários órgão e osso, orientada, lúcida, consciente da sua condição, com discurso coerente e decisões de fim de vida assumidas em família, estava a ser acompanhada pela EIHSCP de Leiria, acabando por ser referenciada por acaso… ou não, à ECCI do Almourol. A D. Ema, vivia com marido na região de Ourém, tendo optado por ir para casa do filho no Entroncamento devido à progressão da doença. Viveu as últimas semanas de vida com filho, nora (principal cuidadora) e 2 netos (11 e 18 anos), em moradia de construção recente sem barreiras arquitetónicas, com excelentes condições de habitabilidade em localização urbana. Apresentava dor controlada (escala numérica 2), desconforto geral pela síndroma anorexia-caquexia/astenia, ascite acentuada, náusea, sialorreia, dispneia, ansiedade, confusão ocasional no período noturno e insónia. Ajuste terapêutico de acordo com a situação. Abordadas questões de nutrição e hidratação em fim de vida com a própria e a cuidadora, sendo posteriormente validadas com o filho. O objetivo principal da D. Ema era falecer em casa, devendo realizar-se paracentese no domicílio e posterior controlo dos restantes sintomas. Objetivo: Refletir a prática centrada na pessoa com base no trabalho de equipa e legis artis. Método: Relato de caso dirigido à decisão da D. Ema de poder morrer em casa com controlo sintomático, conforto e dignidade. Confronto com expetativas e realidades dos profissionais de saúde, a pessoa cuidada e a família. Focados vários aspetos: Lei 31/2018; Norma 015/2013 da DGS; Qualidade em Cuidados Paliativos; Código Deontológico: enfermeiro, médico e assistente social; princípios éticos: beneficência, justiça, autonomia e não maleficência; a pessoa como centralidade dos cuidados; filosofia dos cuidados paliativos e realização de paracentese em domicílio.Resultados: Satisfação dos desejos da pessoa em fim de vida e família assentando na confrontação de perspetivas e respeito pelas decisões. Aprendizagem multidimensional, com enfoque nas questões éticas. Capacidade de realizar, com os escassos recursos disponíveis, os cuidados de que a pessoa/família necessitaram. Conclusões: A comunicação interdisciplinar permitiu a continuidade dos cuidados na pessoa, permitindo que a decisão de morrer com dignidade em casa fosse uma realidade por acaso… ou não, acontecessem cuidados paliativos!

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