Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

LINFOMA MALT DE CONJUNTIVA: RELATO DE CASO

  • TS Hahn,
  • EW Silva,
  • AB Florian,
  • MFL Pezzi,
  • G Cattani,
  • MS Machado,
  • FM Aguiar,
  • ER Nonemacher,
  • VM Wendt,
  • BC Boeira,
  • GR Bosi

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S84

Abstract

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Introdução: O linfoma está entre os tumores conjuntivais malignos mais comuns, sendo o subtipo histológico extranodal de zona marginal de tecido linfóide associado à mucosa (MALT) o mais frequente. O linfoma conjuntival parece se desenvolver como resultado de uma inflamação crônica desencadeada por antígenos endógenos ou exógenos, causando uma proliferação sustentada que aumenta o potencial para mutações genéticas que levam a eventual populações monoclonais de linfócitos B ou T. Objetivo: Relatar o caso de um paciente com linfoma MALT de conjuntiva. Relato de caso: Paciente masculino, 59 anos, diabético, hipertenso e com glaucoma em olho direito, refere surgimento de hiperemia em conjuntiva esquerda associada a prurido local. Encaminhado pelo oftalmologista após biópsia indicar diagnóstico de linfoma MALT. Nega sintomas B e linfadenomegalias. A biópsia de medula óssea foi negativa e as tomografias não evidenciaram comprometimento sistêmico. Quanto ao tratamento, optou-se por não realizar radioterapia por ser o olho de melhor acuidade visual, preferindo-se a exérese cirúrgica associada à monoterapia com Rituximabe administrada por 4 semanas, seguido por período de manutenção bimestral por mais 4 administrações. Paciente evolui com resposta completa e permanece em acompanhamento, totalmente assintomático. Discussão: A conjuntiva é um importante sítio para o desenvolvimento de linfomas extranodais, com o linfoma anexial ocular (LAO) representando 5 a 15% de todos os linfomas não Hodgkin extranodais. O linfoma MALT é o tumor mais comum diagnosticado nesses órgãos. Cerca de um terço dos LAO surge na conjuntiva, fator que geralmente está associado a um melhor prognóstico. O linfoma de conjuntiva pode ser assintomático ou se apresentar como uma mancha salmão-avermelhada, associada a edema, lacrimejamento e desconforto ocular. Para confirmação diagnóstica é necessário realizar uma biópsia da lesão para posterior análise histopatológica; além disso, exames laboratoriais e de imagem são imprescindíveis para avaliar a presença de disseminação sistêmica da doença. O diagnóstico diferencial é realizado com diversas patologias oculares, fazendo com que a avaliação de um oftalmologista seja fundamental. Tratamentos convencionais para linfoma conjuntival incluem radioterapia, cirurgia, quimioterapia, uso de Interferon intralesional e Rituximab. O envolvimento bilateral é relatado em 10% a 15% dos pacientes. Recaídas locais e contralaterais são frequentemente registradas, com disseminação sistêmica ocorrendo em 5% dos casos. Conclusão: O linfoma conjuntival resulta de inflamação crônica por antígenos endógenos/exógenos associado a mutações genéticas, levando a proliferação linfocitária monoclonal. Assim, deve-se pensar nesta doença ao sinal de manchas conjuntivais de aspecto “salmão” ou conjuntivite folicular crônica inexplicada, visto que os sintomas desta neoplasia são mínimos.