Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

TENDÊNCIAS DA TUBERCULOSE EM PESSOAS COM DIABETES MELITOS NO BRASIL

  • Luciano Araújo de Souza Filho,
  • Walmer Carvalho Filho,
  • Beatriz Santana Ribeiro,
  • Guilherme Pedralina dos Santos,
  • Vanessa Alves Nascimento,
  • Flávia Moreira Dias Passos,
  • Cátia Maria Justo,
  • Marco Aurélio de Oliveira Góes

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103657

Abstract

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Introdução: A carga de tuberculose (TB) e diabetes melitos (DM) é importante no Brasil. Indivíduos com DM têm três vezes mais risco de desenvolver TB e agora há mais indivíduos com comorbidade TB/DM do que TB/HIV. A DM aumenta o risco geral de infecção, fazendo com que seus portadores possuam uma probabilidade três vezes maior de contrair tuberculose ativa. No mundo há mais indivíduos com comorbidade TB/DM do que TB/HIV. O objetivo deste estudo foi descrever a magnitude e tendência da DM entre os casos novos de TB registrados no Brasil entre 2007 e 2021. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional, utilizando dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação, de todos os casos novos de TB que possuíam DM como comorbidade. Para análise da tendência temporal do período foi calculada a Variação Percentual Anual Média (AAPC) com IC 95%. Resultados: Durante o período avaliado foram registrados 91.889 casos de DM (6,9%) entre os 1.319.708 casos novos de TB notificados no Brasil, dos quais 62,6% eram do sexo masculino e 50,5% na faixa etária de 40 a 49 anos. Enquanto houve tendência decrescente na incidência de TB (AAPC = -0,6), houve tendência crescente dos casos de comorbidade TB/DM (AAPC = 3,5) no período, assim como aumento proporcional da comorbidade dentro dos casos de TB. Quanto aos desfechos em 68,8% foram curados, 11% morreram e 7,4% abandonaram o tratamento. Houve tendência de aumento dos casos que evoluíram para óbito, abandono e para formas multirresistentes. Conclusão: O estudo da comorbidade TB/DM é importante, principalmente nos países de baixa e média renda, onde ambas infecções são prevalentes. Além da tendência de aumento dessa comorbidade no Brasil, verifica-se uma alta letalidade, apesar do tratamento tanto da TB como da DM ser distribuído de forma gratuita pelo sistema de saúde brasileiro.

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