Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Feb 1994)

Neurocisticercose com quadro clínico inicial de meningite aguda Twenty seven cases of neurocysticercosis with clinical picture of acute meningitis

  • Ana Maria Bonametti,
  • José Luíz da Silveira Baldy,
  • André Luíz Bortoliero,
  • Cláudia Maria Dantas de Maio,
  • Joselina do Nascimento Passos,
  • Paulo Kiyoshi Takata,
  • Dayse Souza de Pauli,
  • Joaquim Celso Andrade Guimarães,
  • Edson Tsuyomi Anzai,
  • Maria do Carmo Manfredini Elisbão

DOI
https://doi.org/10.1590/S0036-46651994000100005
Journal volume & issue
Vol. 36, no. 1
pp. 27 – 32

Abstract

Read online

São apresentados 27 casos de neurocisticercose, com quadro clínico inicial de meningite aguda, atendidos no Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná (HURNP - Universidade Estadual de Londrina). Vinte (74,1%) pacientes eram do sexo masculino; a idade variou de 4 a 52 anos (23,6 ± 11,7 anos); 11 tinham menos de 20 anos, 10 tinham entre 21 e 30 anos e 6, mais de 30 anos. O diagnóstico etiológico foi estabelecido pela reatividade no líquido cefalorraquidiano (LCR) do teste de fixação do complemento (Weinberg) em 17 pacientes e pelo imunoenzimático (ELISA) para cisticercose em 10. Em 6 pacientes foi realizada tomografia computadorizada de crânio, todas com alterações sugestivas de neurocisticercose. No LCR colhido na admissão, em 21 (77,78%) pacientes havia predomínio de linfócitos/monócitos e em 6 (22,2%), predomínio de neutrófilos. A presença de eosinófilos, possibilitando a suspeita de neurocisticercose, só ocorreu na primeira amostra de LCR em 7 casos; desses, 4 casos a pleocitose era linfomonocitária e 3 era neutrofilica. Hiperproteinorraquia e hipoglicorraquia no LCR colhido na admissão foram observadas em 18 (66,6%) e 6 (22,2%) pacientes, respectivamente. Nos doentes em que não havia eosinófilos no LCR colhido na admissão, o diagnóstico inicial foi de meningite linfomonocitária de etiología presumivelmente viral ou de meningite purulenta. O tratamento da meningite aguda por neurocisticercose foi realizado com dexametasona e houve desaparecimento dos sintomas e sinais. Não houve óbito em nenhum caso. Os autores ressaltam a importância de incluir a neurocisticercose no diagnóstico diferencial das meningites agudas, em áreas endêmicas para essa doença, assim como realizar rotineiramente em todas as amostras de LCR colhidas de pacientes atendidos o teste ELISA para cisticercose.Twenty seven cases of neurocysticercosis, with clinical picture of acute meningitis, are described. Twenty (74.1%) patients are male; the age was 4 to 42 years (23.6 ±11.7 years). The etiologic diagnosis was defined by the complement fixation test (Weinberg) and/ or enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for cysticercosis in the cerebrospinal fluid (c. s. f.). Six patients that realized cranial computerized tomographic scan ressembling neurocysticercosis. Twenty one (77.8%) have predominancy of lymphomononuclear cells in the c. s. f. obtained in the admission to the hospital; in 6 (22.2%) there were predominancy of polymorphonuclear neutrophils. In this c. s. f. there were eosinosis in four patients that have c. s. f. lymphomononuclear pleocytosis and in three that have c. s. f. neutrophyl pleocytosis, suggesting the diagnosis of neurocysticercosis. The treatment of acute neurocysticercosis was made with dexamethasone. All the patients survived and were transfered to the ambulatory of Neurology for follow-up and complementary treatment

Keywords