Cadernos de Saúde Pública (Jun 2002)

Trabalho e sofrimento psíquico de caixas de agências bancárias na cidade do Rio de Janeiro Work and psychological distress among bank tellers in Rio de Janeiro

  • Marisa Palácios,
  • Francisco Duarte,
  • Volney de Magalhães Câmara

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2002000300033
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 3
pp. 843 – 851

Abstract

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Este trabalho discute algumas relações entre sofrimento psíquico e trabalho de caixa, em agências bancárias no Rio de Janeiro. Diferentes modelos teóricos são apresentados: Estresse, Psicodinâmica do Trabalho e Psicopatologia do Trabalho. Neste estudo de caso, buscou-se compreender a participação do trabalho na produção do sofrimento psíquico dos caixas de uma grande empresa do setor bancário. A análise do processo de trabalho, com suas variabilidades e dificuldades, revelou que a "diferença de caixa" e as agressões dos clientes representam situações de sofrimento. Essas são situações favorecidas pela organização do trabalho, que obriga os caixas a evitarem as regras de segurança e imputa-lhes a culpa da diferença. Adicionalmente, ela não oferece suporte aos caixas para responder apropriadamente às demandas dos clientes. O contexto de baixos salários e grandes transformações favorece o isolamento dos trabalhadores, gera insegurança com relação ao futuro e é entendida como falta de reconhecimento. Com uma aproximação do trabalho real, é possível entender as situações de trabalho, como elas podem engendrar sofrimento e quais os seus determinantes.This article discusses key relations between psychological distress and bank tellers' working conditions in various bank offices in Rio de Janeiro. Different theoretical models are discussed: stress, the psychodynamics of the work, and the psychopathology of the work. The aim of this case study was to elucidate the role of the work process as a source of psychological distress among tellers in a large bank company. Analysis of the work process with its variability and difficulties showed that two highly stressful situations are 1) discrepancies in the amounts of money counted at the teller's window and 2) customer complaints or insults directed against the teller. Such situations arise from the work organization that forces tellers to streamline or skip security rules and blames them for "discrepancies" in the till. The form of work organization also fails to support tellers in answering customer demands appropriately. The context of low wages and major transformations favoring workers' isolation generates insecurity over their future, viewed as lack of individual recognition. An approach to tellers' actual working conditions allowed for an understanding of stress factors and their determinants.

Keywords