Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

UM MODELO DE EVOLUÇÃO PARA SÍNDROME MIELODISPLÁSICA PEDIÁTRICA: SOB UM OLHAR CITOGENÉTICO E EPIGENÉTICO

  • VL Lovatel,
  • EF Rodrigues,
  • CS Fernandez,
  • RC Tavares,
  • APS Bueno,
  • AS Fonte,
  • ES Costa,
  • E Abdelhay,
  • SCS Lima,
  • TS Fernandez

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S303 – S304

Abstract

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Objetivos: A síndrome mielodisplásica pediátrica (SMD-p) é rara, sua etiopatologia é complexa e ainda não se sabe a causa de seu surgimento. Embora avanços rápidos tenham sido feitos na SMD no adulto, a genética e epigenética da SMD-p ainda são pouco compreendidas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi caracterizar as alterações citogenéticas e epigenéticas em SMD-p para verificar sua associação com seu desenvolvimento e evolução para LMA, buscando identificar marcadores de diagnóstico e prognóstico. Material e métodos: A análise citogenética foi realizada por bandeamento GTG e FISH. O estudo de expressão dos genes da maquinaria de metilação (DNMTs) e desmetilação (TET2/APOBEC3B) foram realizados por PCR quantitativa em tempo real. O perfil de metilação do gene p15INK4B foi estudado por pirosequenciamento. Resultados: Dos 200 pacientes estudados citogeneticamente 50,5% apresentaram cariótipo anormal, sendo as alterações mais frequentes: -7, del(11)(q23), cariótipos complexos e +8. Essas alterações também estiveram associadas com a evolução da doença, que foi observada em 29% dos casos. O estudo epigenético mostrou uma super-expressão das DNMTS em relação aos controles (DNMT1 (p < 0,01); DNMT3A (p < 0,02) e DNMT3B (p < 0,01). Esse aumento de expressão esteve associado ao desenvolvimento e evolução para LMA (DNMT1 p < 0,03, DNMT3A p < 0,02, DNMT3B p < 0,004). A expressão de TET2 e APOBEC3B nos pacientes não apresentou diferenças significativas em relação aos controles. A hipermetilação do gene p15INK4B foi observada em 35% (15/43) dos pacientes, estando mais presente em SMD-EB/SMD-EB-t (60%). A hipermetilação do gene p15INK4B foi associada ao aumento de expressão em DNMT1 (p < 0,001), assim como os cariótipos anormais (p < 0,006), sendo as principais alterações: -7/del7q (p < 0,003). Discussão: Nossos resultados mostraram que a CRI foi o subtipo mais comum, sendo as alterações associadas à evolução: -7, cariótipos complexos corroborando com a literatura. No entanto, diferente do esperado pela classificação do IPSS-R pacientes com del(11)(q23) e +8, também estiveram associados com a evolução da doença. Alterações epigenéticas na SMD-p são sutis sendo raras mutações DNMT3A e TET2. No entanto, observamos um aumento de expressão das DNMTs associada com a evolução da doença e a hipermetilação em p15INK4B. Enquanto a expressão dos genes da maquinaria de desmetilação foi semelhante aos controles. Estudos mostram que o envelhecimento está associação há uma maior desregulação na maquinaria de metitilação e desmetilação do DNA dos pacientes com SMD, contudo podemos observar que essas alterações tentem a acentuar com a evolução da doença para alguns genes importantes como o p15INK4B. Conclusão: Nossos resultados mostraram que durante o desenvolvimento e evolução de SMD-p para LMA há um desbalanço progressivo na maquinaria de metilação com aumento de expressão das DNMTs. A hipermetilação em p15INK4B foi um evento mais tardio associado à progressão da SMD, principalmente nos pacientes que apresentaram -7/del(7q). Em conjunto nossos resultados sugerem um modelo de evolução de SMD para LMA. Auxílio financeiro: INCA – Ministério da Saúde, FAPERJ.