Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DO USO DE ANTIMICROBIANOS EM UM HOSPITAL PRIVADO TERCIÁRIO DE GRANDE PORTE

  • Odeli Nicole Encinas Sejas,
  • Thais Lopes Santos,
  • Raquel Keiko de Luca Ito,
  • Leonardo Barbosa Rodrigues,
  • Edvânia da Silva,
  • Cristiane Masselli Rodrigues,
  • Fabiana Silva Vasques,
  • Karina de Bonis Thomaz,
  • Edson Abdala

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102848

Abstract

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Introdução/Objetivo: A resistência antimicrobiana é um desafio global. O uso inadequado de antimicrobianos (ATM) contribui para o aumento da resistência, com consequências graves. Os Programas de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos (ASP) são estratégia eficaz para otimizar o uso desses medicamentos. Nosso objetivo é avaliar o impacto da implementação do ASP em um hospital privado terciário de grande porte. Métodos: Estudo descritivo, retrospectivo, realizado em hospital privado de alta complexidade de São Paulo, com 422 leitos. O ASP foi estruturado em 2018, com estabelecimento de diretrizes e protocolos de prescrição. Em 2021, foi intensificado, com monitorização e controle do uso de ATM definidos como restritos, e em 2022 teve sua atuação expandida com constituição de time operacional dedicado (médico infectologista e farmacêutico exclusivos do ASP), avaliação do uso de ATM, visitas médicas regulares do ASP às unidades críticas com maior uso de ATM, realização de intervenções quando necessárias e auditoria prospectiva e diária dos ATM restritos. O consumo de ATM foi mensurado em dias de terapia (DOT) e por dose diária definida (DDD) por 1000 pacientes-dia, também foi avaliado DOT e DDD do ATM de amplo espectro de maior uso – meropenem, em todas as unidades de internação, críticas e não-críticas. Os seguintes desfechos foram avaliados, e comparados entre os períodos de 2020/2021-P1, e 2022/2023-P2: DOT global (de todos os ATM), DDD global (de todos os ATM), DOT de meropenem e DDD de meropenem, mortalidade geral (por saídas) e custos com ATM. Os dados foram obtidos através de software da unidade de estudo. Resultados: Os dados de consumo de ATM foram: DOT global (todas as unidades) 1115,0 P1 vs 996,3 P2, redução de 10,7%; DOT Global UTIs 1493,3 P1 vs 1226,8 P2, 17,8% de redução; DDD global (todas as unidades) 1497,1 P1 vs 1324,6 P2, 12% de redução; DDD global UTIs 2130,8 P1 vs 1727,6 P2, 19% de redução; DOT de Meropenem de todas unidades 115,0 P1 vs 97,94 P2, 15% redução; DOT Meropenem UTIs 244,1 P1 vs 200,2 P2, 18% redução; DDD Meropenem todas unidades 117,9 P1 vs 101,9 P2, 13% redução; DDD Meropenem UTIs 234, P1 vs 199,13 P2, 15% redução. A mortalidade no P1 foi de 2,4% e de 1,6% no P2. O custo com antimicrobianos teve redução de 41,84%. Conclusão: Os resultados demonstraram redução significativa no consumo total de ATM após a implementação do ASP, em todo o hospital e especificamente em UTI, com impacto clínico positivo e redução de custos.

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