Revista de Estudos em Educação e Diversidade (Sep 2022)
MEU CORPO, DE QUEM SÃO AS REGRAS? PARTEIRAS TRADICIONAIS E A INSTITUCIONALIZAÇAO DO PARTO NO BRASIL: UMA QUESTÃO DE GÊNERO E EDUCAÇÃO
Abstract
O ofício de partejar é uma das mais antigas funções e das quais se encontram registros em quase todas as culturas. Durante séculos o parto foi considerado um cuidar privativo do gênero feminino, realizado por parteiras a mulher era protagonista. Com o advento da medicina, a assistência ao parto seguiu lógica produtivista, intervindo sobre o corpo feminino por vezes de maneira violenta. O conhecimento médico se constituiu lugar masculino e sua linguagem reproduz e corrobora assimetrias e desigualdades de gênero. A mulher não mais sujeito ativo, consciente, capaz de gestar e parir conforme seus desejos, mas um objeto passível do escrutínio médico e das instituições formais do cuidado. O presente estudo traz uma discussão teórica sobre a importância dos conhecimentos das parteiras tradicionais como necessárias ao resgate do protagonismo feminino no momento da parturição. É um estudo qualitativo, exploratório de cunho bibliográfico. Os dados mostraram que a forma como a atenção ao parto caminhou até chegar à atualidade ainda está longe do idealizado, encontra-se muito violento, desumano. O resgate do protagonismo feminino é um dos fatores essenciais para reconstrução de um modelo obstétrico diferente, baseado nos princípios da humanização e que depende de todos aqueles que participam deste momento singular.
Keywords