Revista de Filosofia (May 2006)

ERASMO E LUTERO: O LIVRE ARBÍTRIO DA VONTADE HUMANA

  • Sidnei Francisco do Nascimento

DOI
https://doi.org/10.7213/rfa.v18i23.8600
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 23
pp. 89 – 103

Abstract

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Erasmo de Roterdam e Martinho Lutero discutem acerca da noção de livre arbítrio da vontade humana. A vontade racional é livre? Ou a natureza humana não possui autonomia e sua vontade depende única e exclusivamente da vontade de Deus? A crise religiosa que se instalara no século XVI nos remete à discussão da reforma da Igreja Oficial de Roma, e à ruptura com a cultura elaborada pelos primeiros padres da Igreja no final da Antigüidade. O mundo religioso se refaz por meio de diálogos e conflitos entre a ortodoxia e os dissidentes. O Humanismo Cristão e a Reforma, Erasmo e Lutero estão de acordo sobre um ponto: “O céu não está à venda”. Mas o que parece, à primeira vista, aproximálos, distancia-os cada vez mais, quando a questão se volta para o descaso da Reforma quanto à tradição da Igreja. Erasmo retoma a Filosofia Patrística e aceita, compreendendo ou não, o que a Igreja elaborou por tantos séculos de cultura religiosa, ao contrário de seu adversário. Sendo assim, a discussão sobre o livre arbítrio da vontade conduz, e é ao mesmo tempo conduzida, à cisão do dogma cristão, à separação entre Filosofia e Teologia e o início da modernidade.