Revista Portuguesa de Cardiologia (Nov 2017)

Oxigenação por membrana extracorporal na falência circulatória e respiratória – experiência de um centro

  • Marisa Passos Silva,
  • Daniel Caeiro,
  • Paula Fernandes,
  • Cláudio Guerreiro,
  • Eduardo Vilela,
  • Marta Ponte,
  • Adelaide Dias,
  • Fernando Alves,
  • Jorge Morais,
  • Andreza Mello,
  • Lino Santos,
  • Paula Castelões,
  • Vasco Gama

Journal volume & issue
Vol. 36, no. 11
pp. 833 – 842

Abstract

Read online

Resumo: Introdução: A oxigenação por membrana extracorporal (ECMO) permite o suporte mecânico em doentes com falência cardiovascular e/ou pulmonar. Neste estudo pretendemos descrever as indicações, características clínicas, complicações e mortalidade associadas ao uso de ECMO num hospital terciário. Métodos: Foi realizado um estudo de coorte retrospetivo e observacional de todos os doentes que implantaram ECMO, em duas unidades de cuidados intensivos (polivalente e cardíaca), desde o primeiro doente canulado em abril/2011 até outubro/2016. Resultados: Quarenta e oito doentes colocaram ECMO: 29 ECMO venoarterial (ECMO‐VA) e 19 ECMO venovenoso (ECMO‐VV). No ECMO‐VA, o enfarte agudo do miocárdio foi a principal indicação para a sua implantação. A complicação mais frequente foi a isquemia do membro inferior e a disfunção de órgão associada mais comum foi a renal. No ECMO‐VV, a síndrome de dificuldade respiratória aguda secundária a infeção viral foi o motivo dominante para a utilização do dispositivo. A hemorragia pelo local de acesso e a disfunção hematológica foram, respetivamente, a complicação e a disfunção de órgão mais prevalentes. Foram descanulados com sucesso quase 70% dos doentes, em ambos os grupos. Os doentes em ECMO‐VA tiveram sobrevivência hospitalar de 37,9% e os em ECMO‐VV 63,2%. O número de agentes inotrópicos foi preditor de mortalidade no ECMO‐VA. Conclusão: Os doentes que colocaram ECMO após falência respiratória tiveram sobrevivência superior aos que colocaram após falência cardíaca. No ECMO‐VA, a necessidade de mais fármacos inotrópicos foi preditor de mortalidade. Este é o primeiro registo publicado com a experiência global com ECMO num hospital terciário, em Portugal. Abstract: Introduction: Extracorporeal membrane oxygenation (ECMO) provides mechanical pulmonary and circulatory support for patients with shock refractory to conventional medical therapy. In this study we aim to describe the indications, clinical characteristics, complications and mortality associated with use of ECMO in a single tertiary hospital. Methods: We conducted a retrospective observational cohort study of all patients supported with ECMO in two different intensive care units (general and cardiac), from the first patient cannulated in April 2011 up to October 2016. Results: Overall, 48 patients underwent ECMO: 29 venoarterial ECMO (VA‐ECMO) and 19 venovenous ECMO (VV‐ECMO). In VA‐ECMO, acute myocardial infarction was the main reason for placement. The most frequent complication was lower limb ischemia and the most common organ dysfunction was acute renal failure. In VV‐ECMO, acute respiratory distress syndrome after viral infection was the leading reason for device placement. Access site bleeding and hematologic dysfunction were the most prevalent complication and organ dysfunction, respectively. Almost 70% of ECMO episodes were successfully weaned in each group. Survival to discharge was 37.9% for VA‐ECMO and 63.2% for VV‐ECMO. In VA‐ECMO, the number of inotropic agents was a predictor of mortality. Conclusion: Patients with respiratory indications for ECMO experienced better survival than cardiac patients. The need for more inotropic drugs was a predictor of mortality in VA‐ECMO. This is the first published record of the overall experience with ECMO in a Portuguese tertiary hospital. Palavras‐chave: Oxigenação por membrana extracorporal, Choque cardiogénico, Falência respiratória, Complicações, Resultados, Keywords: Extracorporeal membrane oxygenation, Cardiogenic shock, Respiratory failure, Complications, Outcome