Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

PERICARDITE CONSTRITIVA ASSOCIADA À ESQUISTOSSOMOSE HEPATOESPLÊNICA

  • Iris Campos Lucas,
  • David Emanoel Alves Teixeira,
  • Caroline Louise Diniz Pereira

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103568

Abstract

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Introdução/objetivo: Na esquistossomose o envolvimento pericárdico é raro e pouco compreendido e documentado principalmente na fase aguda da doença. Na forma constitutiva, a apresentação são sinais de congestão venosa sistêmica com dilatação das veias hepáticas e distensão da veia cava inferior causando desconforto respiratório. Pacientes com essa condição apresentam-se clinicamente de diversas formas, o que pode dificultar o diagnóstico e, consequentemente, o manejo adequado. Métodos: Todas as informações foram coletadas do prontuário do paciente. Resultados: Paciente do sexo feminino, 34 anos, natural e procedente de Candeias-PE, com história de esquistossomose mansônica hepatoesplênica em acompanhamento no ambulatório de hepatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, deu entrada no hospital com queixas principais de dispneia progressiva aos mínimos esforços e ortopneia. Ao exame, apresentava edema moderado em pés, tornozelos e pernas e ascite maciça. Tomava uma dose diária de 400 mg de espironolactona e 160 mg de furosemida e ainda apresentava ascite. A ultrassonografia abdominal mostrou fígado com padrão CD de Niamey, esplenomegalia leve e ascite. O ecocardiograma mostrou pericardite constritiva, com deslizamento restrito, sem sinais de hipertensão pulmonar. Ressonância magnética com pericardite constritiva. Outras etiologias para pericardite constritiva foram descartadas. A paciente foi submetida a pericardiectomia parcial sem intercorrências. Após cirurgia, apresentou melhora, sem queixas de descompensação hepática (ascite, icterícia, melena e hematêmese), relatando cansaço e aparecimento de varizes nas pernas. Referia melhora da dispneia, diminuição do volume abdominal e edema periférico. Ao exame físico, apresentou melhora da ascite, mas apresentava macicez móvel à percussão e presença de vasos colaterais, sem evidências de massas palpáveis ou visceromegalias. O Eco pós-pericardiectomia mostrou fração de ejeção de 69%, ventrículos sem alterações, dilatação biatrial, regurgitação mitral leve e derrame moderado posterior ao VE, sem sinais de tamponamento. Conclusão: O acometimento cardíaco da esquistossomose pode levar a eventos cardiovasculares fatais, como miocardite, pericardite e isquemia miocárdica, porém é mais frequente na forma aguda da doença, o que difere da evolução deste paciente. Por outro lado, a complicação mais importante da fase crônica é a hipertensão arterial pulmonar.

Keywords