Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil (Sep 2005)

Sentimentos de profissionais dos serviços de pronto-socorro pediátrico: reflexões sobre o burnout Feelings of paediatric emergency service professionals: reflexions on burnout

  • Katia Virginia de Oliveira Feliciano,
  • Maria Helena Kovacs,
  • Sílvia Wanick Sarinho

DOI
https://doi.org/10.1590/S1519-38292005000300008
Journal volume & issue
Vol. 5, no. 3
pp. 319 – 328

Abstract

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OBJETIVOS: conhecer os sentimentos de profissionais dos serviços de pronto-socorro infantil diante das situações de trabalho, focalizando os componentes do burnout: exaustão emocional, falta de envolvimento pessoal e despersonalização. MÉTODOS: pesquisa qualitativa realizada, na cidade do Recife, de março a julho de 2003, em cinco unidades públicas de referência, utilizando análise de conteúdo para compreender os "núcleos de sentido" das mensagens de 40 entrevistas semi-estruturadas com pediatras e sete enfermeiras da urgência/emergência. RESULTADOS: nesses relatos convivem sentimentos díspares: cansaço, esgotamento, angústia e revolta pela sobrecarga e limitações dos recursos frente às situações que envolvem risco de vida, permeados pela satisfação de gostar do que fazem e reconhecimento da própria utilidade; temor de cometer enganos fatais; desqualificação profissional quando comparam remuneração com responsabilidade e esforço empregado; exposição ao risco de agressão e indiciamento judicial alimentando desesperança e vulnerabilidade; e vínculo afetivo com trabalho. Esboçam-se, sobretudo entre médicos com menor tempo de formados, o descrédito nas possibilidades de mudanças e a vontade de desistir. CONCLUSÕES: apesar do estresse laboral crônico, os profissionais entrevistados mantêm o compromisso de contribuir na solução dos problemas cotidianos. Existe tendência para exaustão emocional, desânimo e sentimentos de inadequação e fracasso, reforçando a importância da promoção e prevenção em saúde no ambiente de trabalho.OBJECTIVES: determine the feelings of emergency services (ER) pediatricians when facing the circumstances of their work, focusing on burnout components: emotional exhaustion, lack of personal involvement and detachment. METHODS: qualitative research performed in the city of Recife from March to July 2003 in five major public hospitals, using content analysis to understand the "nucleus of meaning" of the messages of 40 semi-structured interviews with pediatricians and seven emergency nurses. RESULTS: these reports convey different feelings: fatigue, exhaustion, anguish and anger stemming from overwork and resources constraints in the face of circumstances involving lives at risk, permeated by the satisfaction of love for the job and self-recognition; fear of committing fatal mistakes; lack of professional qualification when comparing wages with responsibility and effort; exposure to risk of aggression and lawsuits which feed on the lack of hope and increased vulnerability; and commitment to the job. Among recently graduated doctors there's disbelief in change and the wish of giving up. CONCLUSIONS: notwithstanding chronic job stress, healthcare professionals in ER keep up with their commitment of trying to solve day to day problems. There's a trend for emotional exhaustion, depression and feelings of inadequacy and failure reinforcing the need of health promotion and prevention in the work environment.

Keywords