Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Apr 1991)

Infecção perinatal pelo citomegalovírus em hospital público de São Paulo: estudo prospectivo Cytomegalovirus perinatal infection in a public hospital of São Paulo city: a prospective study

  • Clarisse Martins Machado,
  • Maria Cristina D. S. Fink,
  • Lucy S. Vilas Boas,
  • Laura Massami Sumita,
  • Adriana Weinberg,
  • Kenji Shiguematsu,
  • Ibiracy C. Souza,
  • Lucy D. Casanova,
  • Cláudio Sérgio Pannuti

DOI
https://doi.org/10.1590/S0036-46651991000200012
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 2
pp. 159 – 166

Abstract

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Com o objetivo de se avaliar a magnitude da infecção perinatal pelo citomegalovírus em hospital público do município de São Paulo, os autores acompanharam prospectivamente 98 recém-nascidos até o quarto mês de vida. Amostras de urina foram coletadas ao nascimento e posteriormente a cada mês, para inoculação em tubos contendo fibroblastos humanos. Amostras de sangue foram coletadas ao nascimento, no segundo e quarto mês de vida para pesquisa de anticorpos IgM específicos para o CMV, pelo método de imunofluorescência indireta. Dos 37 recém-nascidos que foram acompanhados até o quarto mês de vida, 9 se infectaram neste período, com diagnóstico feito pelo isolamento do CMV. O risco de aquisição da infecção pelo citomegalovírus no período perinatal estimado pela tábua de sobrevivência foi de 30,9%. A pesquisa de anticorpos IgM por imunofluorescência indireta só permitiu tal diagnóstico em 2 casos (8,1%). A diferença observada entre os dois métodos foi estatisticamente significante (p = 0,015). O estudo da prevalência de anticorpos IgG pelo ensaio imunoenzimático nas mães das crianças mostrou taxas de 92,7%. Não se isolou CMV nas amostras de leite materno, coletadas mensalmente até o terceiro mês de lactação. O acompanhamento clínico evidenciou que as crianças infectadas apresentaram-se de forma assintomática e com desenvolvimento neurop-sicomotor normal até o quarto mês.In order to demonstrate the occurrence of CMV perinatal infection in a middle socioeconomic class population, the authors conducted a 8-month prospective study in 37 children, not infected congenitally, born in a public hospital of São Paulo city, Prevalence of CMV-IgG antibodies in mothers, detected by immunoenzimatic assay (ELISA), was 92.7%. Survival analysis showed that the risk of acquiring CMV perinatal infection diagnosed by virus isolation in human fibroblasts was 30.9%. When the diagnostic method was detection of IgM class antibodies by indirect immunofluorescence the risk was 8.1% (p < 0.05). Milk samples inoculated in human fibroblasts failed to demonstrate the presence of virus. The infected children did not present any signal of disease in a 4-month follow-up.

Keywords