Revista Criação & Crítica (Apr 2019)

Sergio Blanco (1971 - 2015)

  • Ricardo Augusto de Lima

DOI
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i23p135-160
Journal volume & issue
no. 23

Abstract

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Partindo do conceito ainda recente de autoficção cênica, proponho neste artigo uma aproximação entre a obra La ira de Narciso, de Sergio Blanco, de 2015, e alguns conceitos de Maurice Blanchot, como os de “experiência do fora” e de literatura como espaço de morte. Se entendermos a linguagem literária como aquela que institui uma nova realidade, podemos pensar a morte de um personagem homônimo como um suicídio ficcional ou, emprestando a expressão de Angélica Liddell, um “sacrifício como ato poético”. Ademais, a morte de um personagem que leva o mesmo nome de seu autor evoca a discussão de Roland Barthes sobre a morte autoral, aqui concretizada de duas formas: pela destruição de toda voz antecedente ao texto literário e pela autodestruição promovida pela escrita, sempre parricida, no aqui-agora da literatura e, com mais ênfase, do teatro. Logo, considero também pertinentes nestas reflexões os problemas da representação e de como a literatura se torna palco do fascínio e do temor do Eu em relação à própria morte e sua potência criadora.

Keywords