Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

ENDOCARDITE INFECCIOSA POR ENTEROCOCCUS SPP: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE DOIS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS DO RIO DE JANEIRO

  • Luiza Silva de Sousa,
  • Nicollas Garcia Rodrigues,
  • Victor Edgaer Fiestas Solórzano,
  • Ana Clara Mecenas Siebra,
  • Paula Hesselberg Damasco,
  • Claudio Querido Fortes

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102179

Abstract

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Introdução: A endocardite infecciosa (EI) é uma doença potencialmente fatal, caracterizada por sua elevada morbimortalidade.Segundo dados da literatura, Enterococcus spp. é a terceira etiologia mais frequentemente isolada em hemoculturas na EI. Embora globalmente a incidência de EI tenha mantido um platô, a incidência de Enterococcus spp. tem aumentado nas últimas décadas em paralelo com uma mudança no padrão clínico de apresentação. Objetivo do estudo: descrever as características epidemiológicas, clínicas e ecocardiográficas de uma série de pacientes com EI por Enterococcus spp, comparando desfecho de internação e fatores de risco (FR) à demais etiologias encontradas em dois hospitais universitários da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Metodologia: Estudo observacional, prospectivo, desenvolvido em conjunto em dois hospitais universitários no RJ no período de 06/2009 a 05/2021. EI foi definida segundo critério de DUKE modificado e as análises estatísticas realizadas através do programa Epiinfo versão 7. Resultados: Foram incluídos no estudo 192 pacientes, sendo, destes 34 diagnosticados como EI associada a Enterococcus spp (EIE) através do isolamento em hemocultura. A incidência de EIE na coorte foi de 17,7 casos a cada 100.000, representando a segunda etiologia em número de casos. Houve maior frequência de sexo masculino na EIE (52,94%), mas sem relevância estatística quanto a FR. A média de idade dos doentes na EIE e demais etiologias foi de, respectivamente 61 e 51,2 anos. A válvula mais comumente acometida foi a mitral, representando 47% das EIE. Dos sintomas, a febre obteve maior prevalência (97%), seguida de dispnéia (44,1%). A creatinina média de admissão dos pacientes EIE foi de 3,19 mg/dl, evidenciando grau importante de acometimento renal. A insuficiência renal crônica em hemodiálise representou FR importante (RR 3.59; p<0.01). A espécie mais frequente foi Enterococcus faecalis (64.7%), com um padrão de resistência a vancomicina em 14,71%. Quanto a classificação, no grupo EIE houve maior frequência de EI associada a assistência de saúde (RR 2.97, p < 0.01). A letalidade do grupo EIE foi de 64,61% enquanto nas demais etiologias de 37,95% (RR 1,65; p < 0,01). Conclusão: Na coorte analisada observou-se elevada incidência de EIE, evoluindo a maior parte para desfecho desfavorável de internação. Os fatores de risco mais prevalentes foram: idade avançada e insuficiência renal crônica, em especial os em terapia renal substitutiva.