Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)

Eficácia, segurança e custo-efetividade do aripiprazol em comparação com a olanzapina para o tratamento da esquizofrenia: revisão sistemática e metanálise

  • André Soares Santos,
  • Isabella Piassi Godói,
  • Augusto Afonso Guerra Junior,
  • Francisco de Assis Acurcio,
  • Cristina Mariano Ruas Brandão

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2016.v1.s1.p.28
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s. 1

Abstract

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Introdução: A esquizofrenia é uma condição crônica e debilitante caracterizada por desordens no pensamento, conduta e afeto. Ocorre em 0,3 a 1% da população mundial. A resposta esperada aos medicamentos é individualmente variável e não há preditores da efetividade. Objetivo: Conduzir uma revisão sistemática com metanálise de eficácia, segurança e custo-efetividade do aripiprazol em comparação com a olanzapina para avaliar a racionalidade do seu uso para o tratamento da esquizofrenia. Métodos: Uma revisão sistemática foi conduzida conforme orientações do Handbook da Cochrane. Os resultados de estudos independentes foram combinados através de metanálise. Foi conduzida busca nas bases de dados Medline (via Pubmed), Lilacs (via BVS) e The Cochrane Library. A busca complementar foi conduzida em revistas, bases de teses e dissertações e em resumos de congresso, entre 2010 e 2015. Resultados: Seis ensaios clínicos randomizados e dez estudos de avaliação econômica foram incluídos na análise. A olanzapina foi considerada mais eficaz que o aripiprazol. A metanálise de descontinuação do tratamento por qualquer causa favorece significativamente a olanzapina. A olanzapina causou, significativamente, mais ganho de peso, aumento do colesterol e triglicérides. A metanálise comparando o ganho de peso maior do que 7% apresentou resultados que favorecem significativamente o aripiprazol. Na avaliação econômica, a olanzapina foi considerada dominante em sete estudos e o aripiprazol em dois. Em um dos estudos o aripiprazol foi considerado menos efetivo e mais barato que a olanzapina com RCEI de 3.951,72 €/remissão. Discussão: Os resultados de eficácia tendem a favorecer a olanzapina, mas os resultados dos estudos individuais podem ter sido prejudicados por amostras pequenas e períodos curtos de acompanhamento. Estudos com amostras maiores demonstram superioridade da olanzapina em relação ao aripiprazol na análise de eficácia. A avaliação de estudos econômicos também favoreceu à olanzapina. Os efeitos metabólicos da olanzapina são bem conhecidos e ocorrem mais frequentemente com a olanzapina quando comparado ao aripiprazol. Modelos que dependem largamente de resultados metabólicos tendem a desfavorecer a olanzapina. O maior custo direto do tratamento da esquizofrenia está relacionado a recaídas e reinternações. Medicamentos que apresentam capacidade de diminuir a incidência desses eventos podem levar vantagem em relação a custos, como é o caso da olanzapina. Conclusão: O aripiprazol não foi considerado uma alternativa terapêutica melhor que a olanzapina, principalmente, na avaliação da eficácia. Contudo, o aripiprazol demonstrou um melhor perfil de segurança a partir dos aspectos ganho de peso e efeitos adversos metabólicos, o que pode ser útil para o tratamento de determinados pacientes. Adicionalmente, a análise dos estudos de custo-efetividade tende a favorecer a olanzapina.