Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

AVALIAÇÃO DA CONCORDÂNCIA ENTRE TESTES DE TRIAGEM E COMPLEMENTARES PARA ADOÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE RETROVIGILÂNCIA

  • RC Saez,
  • GST Fermino,
  • MHC Favarelli,
  • A Ormenese,
  • ML Barjas-Castro,
  • M Addas-Carvalho,
  • ACMA Furlanetto

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S907 – S908

Abstract

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Objetivo: Segundo a Portaria de Consolidação nº5/2017, os serviços de hemoterapia devem adotar procedimentos de retrovigilância quando a triagem sorológica em um doador de sangue, com sorologia negativa em doações prévias, for reagente (positivo ou inconclusivo). Dentre as ações está a retestagem na mesma amostra da doação para confirmação do resultado inicial devendo ser realizada com kits de diferentes marcas ou metodologias, para minimizar a ocorrência de testes falso positivos (FP). Este estudo teve como objetivo avaliar a concordância entre os resultados obtidos na triagem sorológica inicial e testes complementares que atendam a legislação vigente. Material e método: Foram avaliadas amostras de doações de sangue realizadas no Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e unidades externas atendidas por este no período de 06/2022 a 07/2024. Todas as amostras, independente do número de doações, com resultados reagentes na triagem sorológica por quimioluminescência (CMIA) para os marcadores HBsAg, anti-HBc, HTLV I/II e anti-HCV foram retestadas por eletroquimioluminescência (ECLIA) em laboratório de apoio externo. Para a CMIA, consideraram-se resultados inconclusivos valores entre 0,9 a 1,1 RLU/C e positivos resultados acima de 1,1 RLU/C. Os resultados em ECLIA foram reportados seguindo as orientações do fabricante. Os dados foram obtidos utilizando o Portal de Sistemas do próprio Hemocentro de maneira consolidada e anonimizada. Resultados: Foram testadas 134.041 amostras de doadores no período estudado, destas 1.978 (1,5%) apresentaram sorologia reagente, sendo 491 (24,8%) inconclusivas e 1.487 (75,2%) positivas. Das amostras reagentes em CMIA para anti-HBc, 75,9% foram reagentes em ECLIA, 10,4% em anti-HCV, 10,8% em HBsAg e somente 8,2% das amostras reagentes para HTLV I/II foram reagentes com ECLIA. Quanto aos resultados positivos, o anti-HBc apresentou maior concordância (85,5%) entre CMIA e ECLIA, enquanto HBsAg, anti-HCV e HTLV I/II apresentaram 15,7%, 11,9% e 12,5%, respectivamente. Quando comparados os inconclusivos em CMIA, observamos concordância de 15,5% para anti-HBC, seguido de 7% anti-HCV, 4,4% HBsAg e 2% HTLV I/II quando retestados por ECLIA. Quando são avaliados os doadores com mais de uma doação, a reatividade na segunda metodologia para os marcadores avaliados neste estudo foi encontrada em 13,6% das amostras. Discussão: A redução do número de resultados concordantes entre CMIA e ECLIA indica um provável aumento no número de resultados FP na triagem considerada inconclusiva, sendo esperada nesta metodologia utilizada. Conclusão: Observamos variações nas concordâncias encontradas entre os marcadores que podem estar relacionadas às metodologias dos testes e a prevalência dos marcadores na população. Com a realização de um segundo teste e consequente aumento de valor preditivo positivo da triagem inicial, nas amostras em que houve concordância, foi possível identificar mais assertivamente os casos cuja retrovigilância deve ser realizada e permitir uma orientação mais adequada dos doadores com possibilidade de acompanhamento dos FP e potencial reentrada destes.