Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

DINÂMICA DA EXPRESSÃO DE FILAMINA A EM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA: UMA ANÁLISE INTEGRATIVA DE DIFERENTES BASES DE DADOS

  • JMC Cabral,
  • CA Ortiz-Rojas,
  • MLS Bandeira,
  • EM Rego

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S390 – S391

Abstract

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Introdução: A filamina A, codificada pelo gene FLNA, é uma proteína de ligação à actina essencial para a integridade estrutural e funcional do citoesqueleto celular. Estudos recentes sugerem que a filamina A está envolvida em várias etapas da progressão do câncer, sendo um marcador e alvo terapêutico em potencial. Embora sua função já tenha sido identificada em diversos tipos de câncer, seu papel específico na Leucemia Mieloide Aguda (LMA) ainda não foi elucidado. Aqui, buscamos investigar, utilizando bancos de dados públicos, se a alta expressão de FLNA pode estar associada com alterações em vias metabólicas e de sinalização em pacientes com LMA. Objetivos: Avaliar a expressão de FLNA nos diferentes subtipos de LMA e descrever as vias biológicas moduladas nas amostras com alta expressão, bem como analisar a composição do microambiente tumoral nesse contexto. Material e métodos: Foram realizadas análises de enriquecimento de vias biológicas utilizando o Gene Set Enrichment Analysis (GSEA) em três bases de dados independentes de LMA: BeatAML, HOVON e TCGA. A expressão de FLNA foi analisada em subtipos citogenéticos de LMA utilizando o banco de dados BloodSpot. Ferramentas de deconvolução, como CIBERSORT, EPIC, xCell, MCP-counter e quanTIseq, foram empregadas para prever a composição celular do TME em amostras com alta expressão de FLNA. Resultados: A análise por GSEA revelou uma associação robusta entre 36 vias biológicas e a alta expressão da FLNA, incluindo assinaturas relacionadas ao rearranjo do gene MLL, ao metabolismo glicolítico, à via RHO e à função lisossomal. Além disso, a expressão de FLNA variou significativamente entre os subtipos citogenéticos da LMA, com alta expressão nos subtipos com rearranjos MLL, sugerindo um papel potencial da FLNA na patogênese desse subtipo específico. Em seguida, não observamos associação entre a FLNA e a sobrevida global dos pacientes, no entanto, observou-se uma tendência de menor sobrevivência em pacientes com alta expressão de FLNA (Log-rank, p = 0,209). Finalmente, a análise do TME indicou que a alta expressão de FLNA está associada com a presença de macrófagos M2 e monócitos, sugerindo que a FLNA pode influenciar o ambiente tumoral, favorecendo a agressividade e a resistência tumoral. Discussão: Os resultados sugerem que a FLNA desempenha papéis distintos em diferentes contextos genéticos da LMA, influenciando a adaptação metabólica e a sinalização celular, possivelmente por meio da sua interação com componentes chaves do citoesqueleto e receptores de superfície. A associação da FLNA com a ativação de vias relacionadas ao metabolismo glicolítico e à sinalização de motilidade celular destaca seu papel na promoção da progressão tumoral. Além disso, a associação com alterações na composição celular do TME sugere que a FLNA pode ser um modulador crítico da interação entre células tumorais e seu microambiente, abrindo novas possibilidades terapêuticas. Conclusão: A variabilidade da expressão de FLNA entre os subtipos de LMA e sua associação com características de agressividade e sobrevida indicam seu potencial como biomarcador e alvo terapêutico na LMA. Estudos futuros são necessários para validar essas descobertas e explorar intervenções que possam modular a expressão de FLNA para influenciar a progressão da LMA ou a resposta ao tratamento.