Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

REGISTRO DE PRÓ-ZONA EM TESTE DE ANTI- HCV EM TRIAGEM HEMOTERÁPICA

  • J Farinon,
  • F Bonacina,
  • CR Cohen,
  • MLM Assmann,
  • L Sekine

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S909

Abstract

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Introdução: Como há muito tempo previsto em nossa legislação hemoterápica, a atual Portaria da Consolidação nº5, no Anexo 8 do Anexo IV - Controle de Qualidade de Reagentes de Sorologia, prevê que antes de colocarmos um conjunto diagnóstico em uso em nossa rotina sorológica, devemos garantir, entre outros, 100% de sensibilidade. Pensar em sensibilidade remete, imediatamente à capacidade de detectar, numa menor janela de tempo, a menor quantidade possível de um agente infeccioso (e suas variantes). Contudo, o excesso de analitos num teste pode tornar-se um grande problema negligenciado neste contexto. No meio sorológico hemoterápico, muito se fala em pró-zona para os testes de VDRL, mas é quase inexistente o mesmo raciocínio para os outros testes imunológicos onde, a zona de equivalência para antígenos e anticorpos e o limite máximo suportado de analitos a serem detectados devem, obrigatoriamente, ser considerados. Nas bulas dos testes sorológicos podemos encontrar estimativas do mínimo de anticorpos (ou antígenos) que podemos detectar, mas nenhuma menção sobre a estimativa de “capacidade máxima”de analitos no teste. Ou da variabilidade genotípica que abrange. Objetivo: Trazer um relato de caso de pró-zona, para um teste de anti- HCV, identificado em no Serviço de Hemoterapia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Descrição: Doador de sangue com resultado no teste de ECLIA (Roche) para anti-HCV com índice = 20,25 e NAT em single com CT = 21,21. Considerando que o índice encontrado na Roche parecia muito baixo para um CT que indicava uma carga viral alta, pensamos, imediatamente, que poderíamos estar lidando com um efeito pró-zona no teste de triagem (esperaríamos índices de anticorpos superiores a 100,0 na Roche). Procedemos, então, aos testes da diluição seriada da amostra do doador, com os seguintes resultados na Roche: 1/10 = 76,90; 1/50 = 102,1; 1/100 = 166,2; 1/200 = 242,7; 1/300 = 222,8; 1/400 = 196,5; 1/500 = 176,5; 1/1000 = 119,5 e 1/2000 = 64,82. Para fins comparativos, solicitamos o teste de anti-HCV de algumas destas alíquotas no kit da Abbott, obtendo um índice = 20,10 na amostra original e nas diluições: 1/10 = 22,13; 1/50 = 19,43; 1/200 = 10,84; 1/300 = 10,17; 1/400 = 8,81; 1/500 = 7,18. Discussão e conclusão: O teste das diluições seriadas na Roche indicou um claro efeito pró-zona, com índices crescentes de positividade até a diluição 1/200 seguido de índices decrescentes, até a diluição de 1/2000. Na Abbott, não podemos atribuir a ocorrência de um efeito pró-zona nesta amostra, embora possa haver uma discretíssima, mas não definitiva, sugestão do mesmo. Este rápido estudo alerta para a necessidade de avaliarmos, já na validação dos nossos kits, além da sensibilidade para a quantidade mínima de analitos (e sua diversidade de genomas), procurarmos estimar o máximo de analitos que ele pode revelar. Especialmente porque o aumento da sensibilidade para quantidades cada vez menores com variabilidade genotípica mais abrangente, tende a comprometer a identificação de quantidades maiores destes analitos. Isto, enquanto os fabricantes dos kits não trazem dados referentes ao efeito pró-zona. Para minimizar a ocorrência do efeito pró-zona, devemos evitar sobrecarga de analitos no teste, como a pesquisa combinada de ag e ac se possuímos NAT para o mesmo parâmetro. Devemos conhecer e, sempre educar nossos doadores, alunos e colaboradores sobre as limitações dos testes laboratoriais e da importância de dados epidemiológicos fidedignos.