Contradição (Dec 2022)
A ESCUTA DO FEMININO
Abstract
O presente artigo propõe, a partir dos conceitos de feminilidade e transferência, um questionamento sobre o funcionamento da transferência na clínica da histeria e o enfoque dado ao conceito de feminilidade neste contexto transferencial. O conceito de transferência surge em “Estudos sobre a histeria” (1895); para Freud, a transferência é a resistência mais poderosa do processo clínico e, também, a ferramenta mais necessária e fundamental deste mesmo processo. Desta forma, com o auxílio de materiais que abordam sobre o desejo da mulher, feminilidade, as formas de histeria – considerando o lugar da mulher na sociedade e o contexto socioculural – e por meio da análise do caso Dora, buscou-se propor novas condições de escuta que garantam a possibilidade dessas pacientes construírem para si mesmas uma resposta à pergunta “o que é ser mulher?”, que respeite o seu desejo e as formas de sublimação do mesmo. A partir deste trabalho, foi possível observar a importância do manejo da transferência e da contratransferência, que uma boa relação transferencial, junto a um setting acolhedor e seguro, fornece às mulheres histericas a possibilidade de entrar em contato com a sua feminilidade e a capacidade de ressignificar seu lugar enquanto mulher.
Keywords