Revista Labor (Mar 2017)

EXPANDIR SEM DEMOCRATIZAR: DA EXPANSÃO PRIVADO/MERCANTIL DA EDUCAÇÃO AO MITO DA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE.

  • Lucas Alberto Essilamo Nerua,
  • Andréa Borges Leão,
  • Edgar Manuel Bernardo,
  • Tiago Tendai Chingore

Journal volume & issue
Vol. 1, no. 13
pp. 46 – 62

Abstract

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Este artigo visa refletir em torno do modelo de expansão da educação superior em Moçambique nos últimos dez anos (2004-2014). Buscamos no mesmo, demonstrar o que se forja no país desde a última década, um modelo de expansão de educação superior marcado pelo crescente predomínio de interesses privado/mercantis, que desafiam a regulação estatal de caráter pública e nos levam a questionar o mito de que, o crescimento e expansão da educação superior em Moçambique sejam sinônimos de democratização do acesso ao ensino superior para todos os moçambicanos, independentemente do seu extrato social e econômico. Para refletir sobre os dados estatísticos do ensino superior em Moçambique (no que concerne ao número de instituições de ensino superior, públicas e privados e número de matriculados em cada uma delas), usaremos categorias analíticas como as de expansão e democratização trazidas por Alfredo de Sousa (1996), de educação/mercadoria e mercadoria/educação referenciadas por Valdemar Sguissardi (2008) e por último mostraremos como este modelo de expansão interfere e destorce as funções da universidade mencionadas por Anísio Teixeira (1969; 1998), e enfatiza a predominância de um modelo mercantil de fins lucrativo no mercado educacional nacional, que torna a democratização do acesso ao ensino superior um mito bem distante de acontecer na vida das populações excluídas e vulneráveis da sociedade moçambicana.