Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
AVANÇOS NO MANEJO DA DOENÇA DE VON WILLEBRAND: NOVIDADES NO DIAGNÓSTICO
Abstract
Objetivos: Este estudo visa descrever os avanços nos testes laboratoriais diagnósticos para a doença de Von Willebrand (VWD) apresentando suas principais vantagens e limitações. Metodologia: A revisão foi feita na base de dados PubMed, com inclusão de revisões sistemáticas, de literatura e de diretrizes publicados em inglês dos últimos 5 anos. As publicações foram selecionadas a partir das palavras-chave: von willebrand disease AND diagnosis NOT COVID. Foram identificados 30 artigos, 21 foram excluídos por fuga parcial ao tema. Foram selecionados 3 artigos dentre os 9 restantes por apresentarem o tema relacionado a fatos historicos úteis. Resultados: O diagnóstico de VWD deve contemplar históricos pessoais e familiares de sangramento, além de exames laboratoriais. Os testes de triagem são: tempo de sangramento, tempo de tromboplastina parcial ativada e contagem plaquetária, geralmente normais. Testes de confirmação diagnóstica são: antígeno do fator de Von Willebrand (VWF:Ag), atividade de ligação às plaquetas (VWF:RCo, VWF:GPIbM e VWF:GPIbR) e do fator VIII. Para a classificação em subtipos: atividade de ligação ao colágeno do VWF (FVW:CB), ligação às plaquetas do VWF de ristocetina em baixas doses (RIPA), ligação ao FVIII, análise de multímeros do VWF e antígeno propeptídeo do VWF (VWFpp). A partir disso, os estudos avaliaram a pertinência, aplicabilidade e barreiras dos testes diagnósticos. Discussão: O exame de VWD tradicional é realizado pela metodologia do ensaio imunoenzimático, apesar de ser preciso e por detectar níveis muito baixos de VWF:Ag, é um exame demorado, então imunoensaios automatizados de látex foram desenvolvidos recentemente, com resultados comparáveis ao ELISA e com tempo de resposta reduzido. O ensaio de VWFFpp é útil na discriminação entre o tipo 3, 1 e 1C, geralmente não é incluído no diagnóstico, tem pouca disponibilidade e apresenta respostas truncadas em pacientes com depuração aumentada de VWF. No que tange aos exames qualitativos, o teste VWF:RCo possui alta disponibilidade, mas mostrou um alto coeficiente de variação e baixa sensibilidade em níveis baixos de VWF, dificultando a avaliação de pacientes com níveis baixos de VWF (< 10 UI/dL). Além disso, pacientes com a variante comum p.D1472H do VWF possuem mais falsos positivos. O ensaio VWF:GP1bR é menos variável e mais sensível do que o anterior e não é afetado pela variante comum. Em contraste, o ensaio VWF:GpIbM não é afetado pelos pleomorfismos comuns e também apresenta limites de detecção mais baixos. Em um estudo de Boender et al., os três testes foram comparados em uma coorte de indivíduos com VWD, assim, o teste VWF:RCo classificou incorretamente até 18% do total de pacientes e 50% dos pacientes do tipo 2B, dessa forma, o VWF:GPIbR e VWF:GPIbM superaram o VWF:RCo na coorte. O ensaio VWF:CB tem se apresentado sensível para VWD variante e serve como um substituto para a presença de multímeros de VWF de alto peso molecular, ele também pode ser útil para distinguir a distribuição de multímetros de VWF, sendo menos trabalhoso do que a análise desses multímeros. Conclusão: Apesar dos avanços em testes laboratoriais diagnósticos de VWD e sua utilidade para a classificação em subtipos, há limitações importantes na sensibilidade e disponibilidade, além de restrições de interpretação devido a fatores in vivo não mensuráveis. Portanto, a associação desses testes com sinais e sintomas clínicos de sangramentos é essencial para aumentar a acurácia diagnóstica.