Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

FREQUÊNCIA DOS GENÓTIPOS PARA O POLIMORFISMO I/D DA ECA I EM PESSOAS QUE CONTRAÍRAM COVID-19

  • ABBD Santos,
  • TF Ribeiro,
  • RB Batista,
  • DD Silva,
  • DP Malerba,
  • FH Borin,
  • CM Ayo,
  • CR Bonin-Domingos

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S87 – S88

Abstract

Read online

Introdução/Objetivos: O Sistema Renina Angiotensina Aldosterona (SRAA) desempenha papel essencial na regulação da pressão arterial e do equilíbrio hídrico no organismo. O funcionamento clássico do SRAA envolve a clivagem do angiotensinogênio produzido pelo fígado, pela enzima renina, convertendo-o em angiotensina I. A Enzima Conversora de Angiotensina I (ECA I) realiza a conversão de angiotensina I em angiotensina II. O gene da ECA I está localizado no braço longo do cromossomo 17 e apresenta o polimorfismo de inserção (I) e deleção (D) formando os genótipos II, ID e DD. A Enzima Conversora de Angiotensina II (ECA II) é um receptor celular para o vírus SARS-CoV-2, funcionando como uma porta de entrada na célula. A Síndrome de COVID longa é uma condição clínica pós-COVID-19 caracterizada pela persistência de sintomas por semanas ou meses após o início da doença, em que o paciente não se recupera totalmente da infecção. O objetivo deste trabalho foi avaliar a frequência dos polimorfismos I/D da Enzima Conversora de Angiotensina I em pessoas que contraíram COVID-19 e sua possível associação com a gravidade da doença. Material e métodos: Foram avaliados 91 indivíduos que contraíram a COVID-19, com variação de gravidade clínica em leve, moderado e grave. Amostras de sangue foram coletadas e submetidas à análise molecular para identificar os genótipos do polimorfismo I/D da ECA I. Os dados sobre a gravidade clínica de cada paciente foram obtidos por meio de um questionário on line. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software GraphPad Prism e IBM SPSS Statistics 20, com nível de significância de 0,05. O teste de Mann Whitney foi utilizado para verificar a associação entre a gravidade da COVID-19 e os genótipos. Resultados: O grupo de estudo foi composto por 57 mulheres (63%) e 34 homens (37%), com idades entre 18 e 63 anos, com média de 24 anos. A análise dos genótipos mostrou que, entre as mulheres, os genótipos DD, ID e II foram observados em 11 (19%), 42 (74%) e 4 (7%) indivíduos, respectivamente. Com relação ao grupo dos homens foi observado: 6 com genótipo DD (18%), 22 genótipos ID (64%) e 6 genótipos II (18%). A análise de associação entre os polimorfismos e as diferentes formas de gravidade da doença demonstrou significância (p < 0,05) pelo teste de Mann Whitney. Discussão: No Brasil o genótipo mais frequente é o ID, seguido por DD e, o menos frequente, II. Entretanto, a região Sul apresenta uma prevalência diferente, com o genótipo DD como o mais frequente, seguido pelo ID e DD. Isso também foi observado nesses resultados com uma amostra da população pertencente à região sudeste, o genótipo mais frequente foi ID. Diversos países têm observado associações entre os genótipos e a gravidade da COVID-19. O alelo D de deleção está relacionado ao desenvolvimento de formas mais graves, sendo que em populações do norte do Chipre, do Irã e na população asiática com dados de 28 países da Ásia, o genótipo DD está relacionado à maior gravidade e mortalidade. Neste estudo, predominaram genótipos ID entre os indivíduos com casos leves da doença, sugerindo um possível efeito protetor contra formas mais graves da COVID-19. Conclusão: Concluímos que na população analisada foi encontrado a maior frequência do genótipo ID em ambos sexos. Além disso, há associação estatisticamente significativa entre os polimorfismos I/D da ECA I e as diferentes gravidades da COVID-19.