Diacrítica (Jul 2024)

A distribuição dos adjuntos temporais negativos no português contemporâneo: negação, concordância negativa e construções de grau

  • Telmo Moia

DOI
https://doi.org/10.21814/diacritica.5428
Journal volume & issue
Vol. 38, no. 1

Abstract

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Neste trabalho, analisa-se a distribuição contemporânea dos adjuntos temporais negativos do português, com destaque para os advérbios nunca e jamais. O foco é no português europeu, mas é também tido em conta o português brasileiro. Têm lugar central os dois contextos sintáticos em que estes adjuntos predominantemente ocorrem, a saber, posição pré-verbal, como genuínos operadores de negação (e.g., nunca minto), e posição pós-verbal, como expressões positivas existenciais em concordância negativa (e.g., não minto nunca). É também considerada, ainda que superficialmente, a sua ocorrência em contextos negativos elípticos, sem verbo. São estudadas separadamente, com algum pormenor, sequências de expressões negativas em posição pré-verbal, principalmente iniciadas por nunca: nunca ninguém, nunca nada, nunca nenhum N¢. Estas sequências, que têm recebido pouca atenção na literatura, ilustram a persistência da concordância negativa pré-verbal no português contemporâneo. É ainda analisada em detalhe a ocorrência contemporânea de adjuntos temporais negativos em contextos não negativos, nomeadamente de nunca em construções comparativas (e.g., melhor do que nunca) e de jamais em construções superlativas (e.g., a ponte mais comprida jamais construída). Todas as construções discutidas são documentadas com dados de corpora, nomeadamente de texto jornalístico contemporâneo (cetempúblico, para o português europeu, e NILC/São Carlos, para o português brasileiro) e de texto literário português dos últimos 500 anos (Vercial), sendo apresentados dados de frequência para as diversas construções.

Keywords