Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (Jan 2009)

Prevalência de sequelas auditivas pós meningite piogênica em crianças Prevalence of auditory sequelae after pyogenic meningitis in children

  • Luzia Poliana Anjos da Silva,
  • Fernanda Costa de Queirós,
  • Camila Vila Nova de Freitas Guimarães,
  • Débora Patrícia Medeiros Santos,
  • Isabela Barreiros Pinheiro Lima,
  • Maria Cecília Castello Silva Pereira,
  • Rita de Cássia Saldanha de Lucena

DOI
https://doi.org/10.1590/S1516-80342009000300008
Journal volume & issue
Vol. 14, no. 3
pp. 332 – 338

Abstract

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OBJETIVO: Analisar a prevalência de déficit auditivo e caracterizar as principais sequelas auditivas e neurológicas pós-meningite, correlacionando o tipo de antibiótico utilizado durante o período de internação e a frequência de surdez, além do tipo de meningite mais prevalente como causa de déficit auditivo. MÉTODOS: Trata-se de um estudo de coorte transversal. Foram enviadas 289 cartas para os responsáveis pelas crianças que apresentaram meningite piogênica entre 28 dias e 24 meses, admitidas no Hospital Couto Maia (HC Maia) entre janeiro de 2002 a dezembro de 2003. A amostra foi constituída por 55 crianças que sobreviveram com ou sem sequelas evidentes, que compareceram para as avaliações audiológica e neurológica. Foi realizada avaliação audiológica completa, incluindo a bateria subjetiva e objetiva de avaliação, com utilização de instrumentos validados para investigação da audição da criança. RESULTADOS: A faixa etária, no momento da avaliação audiológica, variou de dois a cinco anos. A deficiência auditiva foi encontrada em 29% da amostra, sendo a maioria do tipo neurossensorial, bilateral e de grau profundo. As principais sequelas neurológicas encontradas foram epilepsia, hemiparesia, hidrocefalia, disfasia e hiperatividade. CONCLUSÃO: Os resultados destacam a necessidade de monitoramento audiológico e acompanhamento neurológico nas crianças com história prévia de meningite piogênica, especialmente aquelas infectadas em idade precoce, buscando, desta forma, detectar as possíveis alterações auditivas e intervir o mais precocemente possível, por meio de intervenção especializada, protetização e reabilitação da linguagem oral.PURPOSE: To analyze the prevalence of hearing impairment and to characterize the main auditory and neurological sequelae after meningitis, correlating the type of antibiotic used during the hospitali66zation period and the frequency of deafness, as well as the most prevalent type of meningitis as cause of hearing impairment. METHODS: Two hundred and eighty nine caregivers of children who were diagnosed with pyogenic meningitis between 28 days and 24 months, and had been admitted at Hospital Couto Maia (HC Maia) between January 2002 and December 2003 were contacted. The sample was composed of 55 children that survived with or without evident sequelae, who attended audiological and neurological evaluation. A complete audiological evaluation was carried out, including a subjective and objective battery of evaluation tests, using standardized instruments for investigation of children's hearing. RESULTS: The age range of the subjects when the audiological evaluation was carried out varied from two to five years. Hearing impairment was detected in 29% of the sample, characterizing, mostly, a profound bilateral neurosensory hearing loss. The main neurological sequelae found were: epilepsy, hemiparesy, hydrocephaly, dysphasia, and hyperactivity. CONCLUSION: The results indicate the need for audiological monitoring and neurological follow-up in children with previous history of pyogenic meningitis, especially those infected in early ages, seeking to identify possible hearing impairments and to intervene as soon as possible, through specialized intervention, prothetization, and oral language rehabilitation.

Keywords