Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
A TECNOLOGIA DIGITAL COMO ESTRATÉGIA À PROMOÇÃO À DOAÇÃO DE SANGUE
Abstract
Introdução: Os tratamentos hemoterápicos são um desafio para o Brasil pois requerem estoques abastecidos de hemocomponentes. Além de utilizado no tratamento de diversas patologias, o sangue doado contribui à realização de cirurgias e o crescente aumento de procedimentos que requerem transfusão exige um aumento no número de doações de sangue. Mas há dificuldade em se obter componentes sanguíneos pois o Brasil sempre foi um país com estatística de doação de sangue inferior à proposta pela OMS, a qual relata que a autossuficiência em componentes sanguíneos deve ser conseguida quando o número de doações de sangue for de 3 a 5% da população. Dados do 9ºboletim da ANVISA acerca da produção hemoterápica no Brasil evidenciavam que entre 1,7% a 1,8% da população era doadora de sangue entre os anos de 2016 a 2019, reduzindo a 1,47% no ano de 2020. E ainda existe o efeito da sazonalidade sobre o comparecimento de doadores aos hemocentros, com flutuação no aparecimento de doadores de sangue conforme período do ano, diminuindo durante feriados e aumentando na Semana Nacional da Doação de Sangue. Objetivo: É imperativo ampliar a doação de sangue e torna-la uma ação presente no cotidiano de uma instituição. O emprego da ferramenta digital QR Code pode ser útil à maior publicidade sobre o tema, não restringindo a efetividade da doação de sangue aos familiares e amigos de pacientes transfundidos. Material e métodos: QR Code é um código barramétrico e bidimensional, legível através de câmera de celulares, útil como redirecionador à páginas da web. Foi elaborado um QR Code vinculado a informações sobre a importância da doação de sangue e da medicina transfusional, requisitos mínimos à doação e os endereços para comparecimento de doadores. Para a sua distribuição entre familiares/amigos de pacientes e profissionais da instituição de saúde, foi confeccionado um chaveiro onde a face anterior simula uma bolsa de Concentrado de Hemácias e a face posterior apresenta o QR Code. Resultados: Prevê-se que a tecnologia assegure amplo acesso a conteúdo relevante e educativo, colaborando para maior engajamento em campanhas de doação de sangue. E, em função do QR Code permitir edição, intenciona-se desfrutar do traço cultural da população brasileira à consulta periódica de ferramentas digitais com interesse ao consumo de novos conteúdos; resultando na conscientização e ascensão da cultura da Doação de Sangue. O sucesso da tática de QR Code poderá ser apreciado com o indicador de Autossuficiência, que avalia o consumo de hemocomponentes na instituição e o volume de comparecimento de doadores aos hemocentros, nos meses seguintes à implementação dessa estratégia. Discussão: O amplo uso do sangue no mundo o tem colocado como terapêutica insubstituível no arsenal médico. Mas o volume de hemocomponentes não contempla a demanda da população que necessita de transfusão pois faltam doadores, principalmente voluntários. A mudança desproporcional na estrutura social pelo envelhecimento populacional é relevante para a transfusão pois doenças malignas e condições que requerem grandes cirurgias são mais frequentes na população acima de 60 anos de idade, anunciando um aumento da demanda de transfusões de sangue nas próximas décadas, ao tempo que a população de potenciais doadores de sangue diminuirá substancialmente. Conclusão:: O Brasil enfrenta dificuldades para abastecer os estoques de hemocomponentes nos hemocentros, agravando a saúde dos pacientes que necessitam de tratamento hemoterápico. A ferramenta digital QR Code tem potencial a ampliar o conhecimento acerca da doação de sangue, enfrentando fatores como mitos, medo, preconceitos, questões culturais e religiosas que ainda atrapalham as doações de sangue no país.