Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-035 - NEUROTOXOPLASMOSE COM NECESSIDADE DE VENTRICULOSTOMIA

  • Livia Souza Primo,
  • Natasha Caroline C. de Moraes Sanches,
  • Jessica Camila Fizinus,
  • Susana Lilian Wiechmann,
  • Zuleica Naomi Tano,
  • Priscila Audibert Nader,
  • Philipe Quagliato Bellinati

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 103965

Abstract

Read online

Introdução: Mesmo com o advento do uso da terapia antirretroviral para tratamento dos pacientes portadores do vírus HIV e com o maior conhecimento que se tem da Aids, ela continua sendo endêmica em várias regiões do mundo, com novos casos diagnosticados diariamente e sendo responsável por inúmeras internações. Entre as doenças oportunistas, a neurotoxoplasmose está entre as mais prevalentes. Em pacientes com baixa contagem de linfócitos T CD4 e carga viral detectável, as chances de adquirir a doença são maiores. Há poucos casos descritos na literatura de neurotoxoplasmose com necessidade de derivação ventricular. Objetivo: Relatar caso de paciente com Aids com neurotoxoplasmose com necessidade de derivação ventricular. Método: Relato de caso. Resultados: A.F., masculino, 71 anos, previamente hígido, com histórico de quedas frequentes há 2 anos e perda de controle esfincteriano há 1 semana, encaminhado ao serviço terciário para investigação de relação com os sintomas neurológicos. Na admissão o paciente apresentava hemiparesia direita associado a desorientação em tempo e espaço, pupilas anisocóricas e candidíase oral. Realizou testagem rápida para HIV com resultado reagente. Contagem de CD4 18 células e carga viral de 33.400 cópias/mL. Realizou tomografia de crânio com lesão extensa à esquerda associada a sinais de hidrocefalia. Introduzido tratamento para neurotoxoplasmose com clindamicina, pirimetamina e ácido folínico. Ressonância de crânio evidenciou estenose de aqueduto com hidrocefalia supratentorial. Neurocirurgia indicou realização de ventriculostomia endoscópica. Introduzido esquema antirretroviral com necessidade de troca para dolutegravir, darunavir e ritonavir devido disfunção renal. Realizou ressonância de crânio de controle, constatando regressão das lesões e diminuição da hidrocefalia. Recebeu alta com melhora significativa do déficit motor. Conclusão: A neurotoxoplasmose é uma doença oportunista que compromete principalmente região próxima dos núcleos da base, apresentando boa resposta ao tratamento clínico. A intervenção neurocirúrgica é raramente empregada, mas deve ser considerada em situações em que o paciente nao apresenta boa resposta terapêutica, para realizar diagnóstico diferencial ou em raros casos com manifestação compressiva, complicando com a hidrocefalia como o caso relatado.