Arquivos de Gastroenterologia (Dec 2009)
Paired comparison between water and nutrient drink tests in healthy volunteers Teste de bebidas: comparação entre água e solução de nutrientes em voluntários sadios
Abstract
CONTEXT: Drink tests constitute an inexpensive and non-invasive tool, which has been proposed to discriminate individuals with altered fluid intake, as dyspeptics. However, their use in everyday clinical practice is still limited as standardization still lacks. OBJECTIVE: To perform a direct, paired comparison between the water and the nutrient drink test in normal volunteers. METHODS: Thirty eight normal volunteers (19 males, 19 females, mean age 24.4 ± 0.4 years) underwent drink test with water and nutrient (Nutridrink) within 7-10 days. Both tests included a loading (consumption of 100 mL/min for water and 15 mL/min for Nutridrink for the longest possible period of time) and a recuperation phase (observation after cessation of fluid intake), being separated by the maximal saturation point. During phases, satiety, fullness, discomfort, bloating, belching, nausea, pain and burning sensation (epigastric and thoracic) were recorded using a 0-100 visual analogue scale score (VAS). For the purpose of configuration, four variables were considered: time (t), VAS score (V), VAS slope (S) for a given time period, and probability of participation (Q) at a given timepoint. RESULTS: The loading phase lasted for 11.6 ± 1.7 min in water (total VAS: 879 ± 123, total VAS slope 72.6 ± 10.9 min-1) and 93.3 ± 18.4 min in Nutridrink test (total VAS: 1462 ± 411, total VAS slope 15.9 ± 3.2 min-1); PCONTEXTO: Os testes de bebidas se constituem em meios baratos e não-invasivos propostos para distinguir diferenças de volume ingeridos por indivíduos, como os dispépticos, por exemplo. Entretanto, seu uso na prática clínica ainda é limitado pela falta de parâmetros lineares. OBJETIVOS: Realizar comparação entre ingestão de água e solução de nutrientes em voluntários, utilizando-se o teste de bebidas e escala analógica visual. MÉTODOS: Trinta e oito voluntários (19 homens, 19 mulheres, com média de idade: 24,4 ± 0,4 anos) submeteram-se a teste de bebidas com água e Nutridrink, em intervalo de 7 a 10 dias. Ambos os testes incluíram a fase de ingestão (consumo de 100 mL/min para água e 15 mL/min para o Nutridrink, pelo maior tempo possível), e pela fase de recuperação (observação após o término da ingestão), separados pelo máximo ponto de saturação. Durante as fases observou-se a saciedade, a plenitude, o desconforto, a eructação, os borborigmos, a náusea, a queimação epigástrica ou torácica e a dor, que foram anotadas utilizando-se um escore de escala analógica visual (EAV) variando entre 0-100. Para este propósito quatro variáveis foram consideradas: tempo (T), escore EAV (V), e curva EAV (S), para o período de tempo e a probabilidade de participação a um tempo determinado (Q). RESULTADOS: O tempo de ingestão durou 11,6 ± 1,7 min para a água (total EAV: 879 ±123, total S: 72,6 ± 10,9 min-1) e 93,3 ± 18,4 min para o Nutridrink (total EAV: 1462 ± 411, total S: 15,9 ± 3,2 min-1); P<0.001. O volume médio ingerido foi de 1155 ± 164 mL para água e 1399 ± 276 mL para o nutriente; P = 0.076. A parada de ingestão do líquido foi atribuída à sensação de plenitude em 76,3% para a água e a saciedade em 69,2% para o Nutridrink. Náusea foi relatada em 15,4% somente para o teste de nutriente. Nenhum voluntário reportou dor substancial persistente ou sensação de queimação. A fase de recuperação durou 63,6 ± 7,8 min para a água (total EAV: 278 ± 75, total S 3,97 ± 0,95 min-1) e para o nutriente 123,2 ± 17,5 min (total EAV: 841 ± 126, total S: 6,81 ± 1,63 min-1); P<0.001. Considerando-se o escore total EAV para ambas as fases dos dois testes, a plenitude e a saciedade representaram 4/5 do total (43% e 36%, respectivamente). Eructação (8%), borborigmos (6%), náusea (4%) e desconforto (3%) seguiram-se, enquanto dor e queimação representaram menos de 1% do total. Entretanto, correlações compreendendo o escore total e de sintomas específicos intra e entre testes, revelaram diferenças estatísticas subjacentes significativas na fisiologia da ingestão líquida. Modelo de regressão considerando índice de massa corporal, sexo e idade como variáveis dependentes e escores total e de sintomas específicos, e curvas para ambas as fases do dois testes como variáveis independentes, não revelaram qualquer correlação primaria. A função que estabelece a ligação da probabilidade de participação Q e o escore de sintoma especifico EAV como tempo t é feito pelas fórmulas Q(t)=1/[1+(t/c)^k] e V(t)=Vo*e^(-t/c), respectivamente. Vo é a média do escore sintoma específico; c e k são fase- e teste- constantes relacionadas, e e = 2,718 é base natural logarítimica. CONCLUSÕES: A padronização comparativa de ambos os testes de bebidas pode produzir uma ferramenta clínica útil, objetivando o diagnóstico e o tratamento de eventuais distúrbios funcionais.
Keywords