Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
TRATAMENTO DE LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B RECAÍDO/REFRATÁRIO APÓS 2 LINHAS DE TRATAMENTO EM PACIENTE IDOSO E COM OSTEOMIELITE: RELATO DE CASO
Abstract
Introdução: O linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B (LDGCB) é um dos subtipos mais comuns de linfoma não Hodgkin, representando aproximadamente 25% dos casos. É caracterizado por um comportamento agressivo e, apesar dos avanços no tratamento, uma proporção significativa dos pacientes não responde ou recai após a terapia inicial (R-CHOP), necessitando de abordagens terapêuticas subsequentes. As terapias de segunda linha geralmente envolvem quimioterapia de alta dose seguida de transplante autólogo de células-tronco (TACT). Porém, muitos pacientes não são elegíveis devido à idade avançada, comorbidades e outros. Para esses pacientes, as opções de segunda e terceira linha incluem regimes quimioterápicos alternativos e terapias biológicas. Um protocolo emergente que tem mostrado eficácia é a combinação de tafasitamabe e lenalidomida. Tafasitamabe é um anticorpo monoclonal que se liga ao antígeno CD19, presente na superfície das células B malignas, promovendo a destruição dessas células. Lenalidomida é um agente imunomodulador que possui propriedades antiangiogênicas e antineoplásicas. O estudo L-MIND, mostrou que esta combinação resulta em altas taxas de resposta e durabilidade da resposta em pacientes com LDGCB recidivante ou refratário que não são candidatos a TACT. Os resultados do estudo indicaram uma taxa de resposta global de 60%, com uma taxa de resposta completa de 43% e uma duração média da resposta de 21,7 meses. Relato do caso: Homem, 74 anos, sem comorbidades prévias, foi diagnosticado com LDGCB, tipo centro germinativo e EC IVB (PET-CT com lesão ísquio esquerdo com acometimento muscular, linfonodos inquinais e medula óssea). Foram realizados 6 ciclos do protocolo R-CHOP, com resposta parcial. Após 5 meses do término do tratamento, evoluiu com acentuada dor em membro inferior esquerdo e dificuldade para deambular. PET-CT com recaída do linfoma, iniciado quimioterapia de resgate (R-GDP). Porém, pós o quarto ciclo, evoluiu com progressão de doença. Confirmado diagnóstico de LDGCB com nova biópsia da lesão. O paciente evoluiu com piora importante da dor, impossibilitando deambulação e atividades básicas diárias. Além disso, apresentou abscesso tumoral perineal com progressão para osteomielite. Foi realizada drenagem do abscesso tumoral, antibioticoterapia guiado por antibiograma e sessões de hiperbárica. Diante do caso de um paciente idoso, frágil e com infecção grave, foi optado por realizar a terapia de terceira linha com o protocolo Tafasitamabe 12 mg/kg e Lenalidomida 25 mg/dia. O paciente não apresentou reação alérgica ou outros efeitos adversos após infusão do tafasitamabe. Porém, após início do segundo ciclo, o mesmo evoluiu com náuseas grau 3, além de perda de apetite e edema em membros inferiores. Portanto, foi optado por reduzir a dose de Lenalidomida para 15 mg/dia, com melhora de todos os sintomas. O PET-CT após o segundo ciclo, demonstrou resposta parcial, com redução significativa da massa tumoral. Atualmente, encontra-se sem infecção ativa, deambulando sem apoio e sem dor, além de retorno as suas atividades diárias. Discussão: Este caso ilustra o potencial da combinação tafasitamabe + lenalidomida como uma opção terapêutica eficaz para pacientes adultos com LDGCB recidivado ou refratário, que não são elegíveis para TACT. A resposta observada no paciente, juntamente com a tolerabilidade do tratamento, destaca a importância de terapias direcionadas e imunomoduladoras no manejo de linfomas agressivos.