Revista Brasileira de Terapia Intensiva (Dec 2006)
Hiperlactatemia à admissão na UTI é um determinante de morbimortalidade em intervenções cirúrgicas não cardíacas de alto risco Hyperlactatemia at ICU admission is a morbid-mortality determinant in high risk non-cardiac surgeries
Abstract
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Um dos maiores desafios dos médicos intensivistas é o controle da hipoperfusão tecidual, sendo o lactato sérico classicamente aceito como indicador de hipóxia tecidual. Deste modo, estudos demonstraram boa correlação entre o lactato e o prognóstico no choque e durante a reanimação. O objetivo deste estudo foi avaliar a utilidade clínica do lactato arterial à admissão na UTI como indicador de morbimortalidade em pacientes críticos no pós-operatório de intervenções cirúrgicas não cardíacas de alto risco. MÉTODO: Estudo de coorte prospectivo observacional, realizado em UTI de hospital terciário no período de 4 meses. Foram coletados dados demográficos, lactato arterial e complicações no pós-operatório de pacientes submetidos à intervenções cirúrgicas de grande porte. Para análise estatística foi considerado significativo p 3,2 versus 21,2% de sobreviventes (OR = 2,95 IC95% 1,98 - 4,38, p 3,2 mmol/L (log rank 0,007). CONCLUSÕES: Os pacientes cirúrgicos não cardíacos de alto risco admitidos na UTI com hiperlactatemia, definida com lactato >3,2 mmol/L, apresentaram risco aumentado de morte e permanência prolongada na UTI.BACKGROUND AND OBJECTIVES: One of the greatest challenges found by the intensivists in their daily activities is tissue hipoperfusion control. Blood lactate is generally accepted as a marker of tissular hypoxia and several studies have demonstrated good correlation between blood lactate and prognosis during shock and resuscitation. The aim of this study was to evaluate the clinical utility of arterial blood lactate as a marker of morbidity and mortality in critically ill patients in the post-operative period of high risk non-cardiac surgeries. METHODS: Prospective and observational cohort study realized in an ICU of a tertiary hospital during a four month period. Demographic data of the patients submitted to high risk surgeries were collected, besides arterial lactate measures and number and type of complications in the post-operative period. To the statistic analysis was considered as significant a p 3.2 did not survive versus 21.2% of survivors (OR = 2.95 IC95% 1.98- 4.38, p 3.2 mmol/L (log rank 0.007) lactate. CONCLUSIONS: High risk patients submitted to non cardiac surgeries and admitted to the ICU with hiperlactatemia, defined as an arterial lactate > 3.2 mmol/L, are prone to a longer ICU lenght of stay and to die.
Keywords