Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-396 - PARACOCCIDIOIDOMICOSE PULMONAR EM PACIENTE VIVENDO COM HIV COM SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA - RELATO DE CASO
Abstract
Introdução: A paracoccidioidomicose (PCM) é a infecção fúngica sistêmica mais prevalente em áreas rurais no Brasil, causada pela inalação de conídios do Paracoccidioides sp. (P. brasiliensis e P. lutzii). A infecção primária é assintomática e controlada pela imunidade celular, mas focos com leveduras latentes podem perpetuar e reativar em vigência de imunossupressão. A doença pulmonar em paciente vivendo com HIV (PVHIV) pode ocorrer por reativação de granulomas. Objetivo: Relatar um caso da co-infecção HIV e paracoccidioidomicose em paciente imunossuprimido. Método: Relato de caso e revisão da literatura. Resultados: Homem, 35 anos, em situação de rua, PVHIV há 15 anos, em fase AIDS por interrupção da terapia antirretroviral (TARV), foi hospitalizado em março de 2022, com tosse secretiva há 2 meses, episódios febris não aferidos, perda ponderal não quantificada e sudorese noturna profusa. A tomografia (TC) de tórax revelou múltiplos micronódulos dispersos bilateralmente pelo parênquima pulmonar, a contraimunoeletroforese sanguínea foi reagente para PCM (Título: 1/64) e o exame micológico direto do escarro evidenciou leveduras com múltiplos brotamentos compatíveis com P. brasiliensis. A pesquisa COVID-19 e outras infecções oportunistas foi negativa. Descartou-se a disseminação da PCM por exame físico, líquor e TC contrastadas. O tratamento inicial foi realizado com anfotericina complexo lipídico e, após melhora clínica, foi transicionado para itraconazol e reintroduzida a TARV. O paciente recebeu alta para acompanhamento ambulatorial após contato do serviço social com familiares, porém, devido às fragilidades sociais, houve interrupção do tratamento. Posteriormente, sucedeu-se progressão dos sintomas e hospitalização: hemoptoicos, dispneia e TC de tórax com aumento dos nódulos pulmonares, cavitações e consolidações difusas, evoluindo a óbito em outubro de 2023 por insuficiência respiratória aguda. Conclusão: A PCM não é tão frequente na fase AIDS, quando comparada a outras doenças oportunistas, como criptococose e histoplasmose. No entanto, a micose ocorre em PVHIV em áreas endêmicas, representando um desafio diagnóstico e terapêutico. Ainda, há uma possível associação na redução da frequência da PCM entre pacientes com contagem de CD4 < 200 cél/mm3 em uso profilático de sulfas para infecções oportunistas. Portanto, infere-se a importância do conhecimento da correlação entre a PCM e HIV para uma abordagem diagnóstica e terapêutica eficaz.