Mediapolis (Mar 2018)

Personagens inventadas: jornalismo e ficção na I Grande Guerra mediática (1914-1918)

  • Luís Augusto Costa Dias

DOI
https://doi.org/10.14195/2183-6019_6_3
Journal volume & issue
no. 6

Abstract

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O texto parte da perspetiva, já anteriormente estudada, de que a imprensa de massas em Portugal − que tem em 1865, com a fundação do Diário de Notícias, o seu ano zero e, a partir de 1881, com o jornal O Século a sua expansão imparável – transformou a I Grande Guerra, de 1914-1918, na primeira grande guerra mediática. À apoteose da guerra não faltou o recurso à ficção, no sentido literário − aquilo a que o jornalista Mário de Almeida então chamou a “literatura da guerra”, como um “campo baldio” pronto a “passa[r]-lhe a charrua por cima”, e que designo por ficções de guerra. O corpus textual de que falo, publicado na revista Ilustração Portuguesa (pertencente ao império d’O Século), num conjunto que não perfez quatro dezenas de textos, ocupou um arco cronológico que se estendeu, com decrescente regularidade, de 1 de fevereiro de 1915 a 28 de agosto de 1916. A iniciativa partiu, salvo um ou outro autor à procura de um lugar nas letras, de um campo jornalístico ainda de paredes meias com a escrita ficcional ou teatral – ou, como esperava o interlocutor de um conto de Natal na guerra: “Meta-lhe você um bocado de literatura e aí tem um assunto para um conto de Natal...” Não tanto pelos temas, são as personagens que, pela sua resolução, pelo esforço, pelo sacrifício ou pela glória moralizadora, vão ao encontro do mercado das emoções criado pela propaganda mediática.

Keywords