Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
SÍFILIS MALIGNA – SÉRIE DE CASOS EM PACIENTES IMUNOSSUPRIMIDOS PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO DO RIO GRANDE DO SUL
Abstract
Introdução/Objetivo: A sífilis maligna (SM) é um acometimento dermatológico incomum da doença causada pelo Treponema Pallidum. A nomenclatura deriva da similaridade com doenças malignas e o diagnóstico diferencial é extenso. O objetivo é mostrar a importância do diagnostico diferencial, levando-se em consideração a alta prevalência de infecção por sífilis no mundo. Métodos: Dados coletados retrospectivamente dos prontuários eletrônicos dos pacientes. Foram incluídos pacientes com diagnostico de sífilis maligna com base nos critérios de Fischer com apresentações cutâneas agressivas que obtiveram resposta com o tratamento. Resultados: Caso 1: Sexo feminino,42 anos, HIV não aderente. Carga viral 42723 e CD4 119. Iniciou há 6 meses com lesões em membros, tronco e face, de início descamativas, após ulceradas. Interna devido dor intensa em dorso. VDRL 1:512.Na impossibilidade de realizar punção lombar devido lesões ativas em dorso, realizado tratamento empírico para neurossífilis com Penicilina Cristalina por 14 dias. Caso 2: Sexo feminino, 26 anos, previamente hígida, apresenta lesões hiperemiadas e pruriginosas pelo corpo e em mucosa oral há 2 meses. Diagnostico de HIV e Sífilis na ocasião. Levada a emergência devido sincope e infecção secundaria de lesões. Iniciado Piperacilina-Tazobactam e Vancomicina e paciente evoluiu com redução do nível de consciência e hipoxemia. VDRL de 1:16, Carga viral 2033712 e CD4 187. Hipótese de fenômeno de Jarish-Herxheimer devido piora neurológica e respiratória após uso de penicilina. Evoluiu com melhora após manejo. Realizada 3 doses de Penicilina Benzatina 2400000 UI, sem evidência de neurossifilis em punção lombar. Caso 3: Sexo masculino, 39 anos, HIV não aderente. CD4 303 e Carga viral 3302.Interna devido lesões em membros, face e tronco há 20 dias além de úlcera em pênis. VDRL 1:128. PCR para Mpox negativo. Punção lombar sem evidência de neurossifilis. Realizado biopsia de lesão peniana para descartar neoplasia e AP apenas com inflamação crônica. Realizado tratamento com 3 doses de 2400000 UI de Penicilina Benzatina. Conclusão: É essencial que dentro da prática clínica avente-se a hipótese de SM - especialmente em populações de risco. O diagnóstico diferencial inclui doenças infecciosas como leishmaniose, herpes vírus, micoses profundas, micobacterioses e doenças cutâneas linfoproliferativas. Apesar de raro, essa apresentação faz parte do espectro clínico de uma doença comum, com fácil diagnóstico e tratamento amplamente distribuído.